Escritora narra em livro a colonização da região
Nossa Lucélia - 28.06.2014



Por Marcos Vazniac - A escritora paulista Maria de Lourdes Teixeira é autora de vários romances entre os quais destacamos Rua Augusta, A Viagem Noturna e Raiz Amarga, este último, em alguns trechos, narra a colonização da região onde hoje é a Nova Alta Paulista.

O livro Raiz Amarga segundo o escritor Jorge Amado é “Um romance de importância a mais considerável, talvez o primeiro grande romance de São Paulo”. O romance traz lugares e personagens inesquecíveis como o velho centro histórico de Santos, com a Bolsa do Café e o glamur da XV de Novembro. As belas praias de São Vicente e Ubatuba, as cidades e fazendas do Vale do Paraíba, a cidade de São Paulo com seus casarões dos barões do café.

O romance enfoca o Estado de São Paulo, durante a crise que atingiu a economia mundial no ano de 1929, a Revolução Constitucionalista de 1932 e suas batalhas na serra da Mantiqueira e a derrota final dos paulistas. Também enfoca o período da Segunda Guerra Mundial e as fazendas de café e cana-de-açúcar no interior paulista.

Em trechos, a autora se refere ao desbravamento do sertão bravio do Estado de São Paulo em meados da década de 20, onde pequenos núcleos surgiam no meio do sertão bravio. A autora sinaliza em alguns trechos que as fazendas de mata virgem onde brotaram cidades no meio da selva é a nossa região. Vejamos os fatos:
Corria o ano de 1941, vejamos o que a autora relata:
(...) “uma onda de rancor se levantou contra os japoneses também nos dois antigos patrimônios. Mas não dependia somente deles o desenvolvimento daqueles municípios, porque outras colônias estrangeiras ali trabalhavam ao lado de mineiros, baianos e cearenses que cooperavam com o elemento paulista, quando em agosto do ano seguinte o Brasil declarou guerra ao Eixo (...)”. 1

Pelo relato, dá para ver que a antiga fazenda virou uma cidade no meio da selva, colonizada por imigrantes japoneses, que em meados de 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, acreditavam fielmente na superioridade bélica do Japão, na luta contra os Estados Unidos, após os japoneses realizarem um ataque a base americana de Pearl Harbour. Na nossa região, cinco cidades tiveram a presença marcante da milícia nipônica shindo hemmei, Marília (Alto Cafezal), Tupã, Bastos, Osvaldo Cruz e Lucélia.

Sabemos que a autora enfoca nossa região pois narra que as cidades nasceram em fazendas da Companhia Aguapeí. Na página 297 do romance, a autora faz referência à região da Zona da Mata e Espigão do Aguapeí. A região onde hoje é a cidade de Lucélia era conhecida como Zona da Mata, conforme texto do jornalista Paulo Sambaqui, em ocasião do aniversário da cidade no ano de 1955. Na história de Lucélia temos um grande personagem João de Arruda, que abriu uma picada na Zona da Mata, hoje Lucélia.

O espigão do Aguapeí é o ponto mais elevado da região. É um divisor de água, pois a chuva que cai de um lado do espigão vai desaguar no rio do Peixe, e a chuva que cai do outro lado vai parar no rio Aguapeí-mirim (Feio). As cidades da Nova Alta Paulista tem seu centro no espigão divisor de água, como é o caso da avenida Internacional em Lucélia, as cidades de Adamantina, Inúbia Paulista e Osvaldo Cruz. Como a autora faz referências a duas fazendas - Dois Irmãos e Jurumim - que viraram cidades entre as datas 1939 e 1941, podemos sugerir que a autora faz referência à nossa região. A cidade de Bastos é citada oficialmente no romance, quando uma família japonesa vai cultivar algodão.

Outra referência à nossa região é sobre o trem Pullman da Paulista; cuja baldeação ocorria na cidade de Itirapina. Vejamos o relato da escritora:
(...) “ Depois de horas e horas de viagem desceram numa localidade novíssima, sem calçamento mas de trânsito movimentado, onde Osório (personagem) o esperava. Descansaram num hotelzinho de madeira repleto de caixeiros-viajantes, de lavradores, italianos, famílias japonesas e baianas.
(...) Vararam florestas e rios, grandes áreas destocadas de chão tisnado. De tarde, sob um aguaceiro, a jardineira atolou num areião. Todo mundo ajudou a removê-la com troncos, pás, berros e risadas. No fim da tarde, surgiu o primeiro sinal de progresso, uma bomba de gasolina numa encruzinhada e um botequim com café, broas, pinga e guaraná (...) “.

Na época o trem vinha até a cidade de Quintana, e o transporte até as cidades seguintes era feito por jardineiras, que demoravam horas e até dias. O livro Raiz Amarga foi editado em 1960, pela editora Martins. Como é livro raro só pode ser encontrado em sebo, lojas que vendem livros raros e antigos.
1- TEIXEIRA, Maria de Lourdes. Raiz Amarga, Editora Martins, São Paulo/SP, 1960.


Fonte: Marcos Vazniac

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