Página de poesias do poeta JOVAM VILELA DA SILVA
Jovam Vilela da Silva - Profissional da educação aposentado. Escreveu alguns livros acadêmicos e artigos. Gosta de leitura e viagens. Livros publicados: Mistura de Cores (política de povoamento e população na Capitania de MT - Século XVIII; A Divisão do Estado de Mato Grosso - uma visão histórica; Mobilidade populacional na Fronteira Oeste de Colonização; Histórico da Pecuária no Brasil, e História de Mato Grosso: um breve relato da formação populacional (século XVIII ao XX)

Contatos com o poeta: jovam@terra.com.br

Revivendo
(Jovam Vilela da Silva)
Revivendo o folclore
Me sinto angustiar
As coisas boas ficaram
Num passado a recordar
Se perderam as institutas.
Definharam as romarias
Ficou o sertão perdido
Nos confins das confrarias.
O Zé, o Joâo e o Tonho
Não dançam mais a fogueira.
Passou-lhe o fogo pras ventas
Nas cidades alterneiras.
Ficou sem terra e sem pão.
Acostumou-se ao patrão
Perdeu-se as suas origens
Estatalou-se no chão.

Desencontros
(Jovam Vilela da Silva)
Desencontros .... são possiveis
Impossivel é imaginar...
O vento correndo solto.
Nas malhas do amor parar ...
É um parar tempestuoso!?...
Calmo ou obediente !?! ...
É dificl saber... entender...
O que vai no coração da gente.
Quase sempre não manda recado
Sorrateiro... de fininho...
Chega e tira um bom bocado.
Do mais íntimo segredinho
E voce amor perfeito...
Que procuro a tanto tempo
Me dê alguma dica ...
Pra entrar em seu caminho.

Acordes
(Jovam Vilela da Silva)
Sentado no toco
Sentado no topo
Sentado na morte
Sentado na sorte
A vida segui, cansei...
Sentei-me no ar
Senti-me leve pluma
Sentei-me no mar
Senti-me dura espuma
A vida segui, enjoei...
Sentei-me no amor
Senti o perfume da flor.
Sentei-me nos carinhos do seu beijo
Senti uma sonora pancada no traseiro
A vida segui.....Gamei !? ...

A um colega
(Jovam Vilela da Silva)
Como é belo sorrir
O peito arfar
Felicidade irradiar
Ter sempre um amigo
A compartilhar
Os sonhos belos da juventude
Correr, brincar, solto ao vento ...
A adolescencia, precioso dom
Um período de vida, sempre presente
Um pouco de nós, sempre criança
Como gotas de orvalho, todas as manhãs
É vida sempre presente, a sorrir, a cantar
É a responsabilidade alegre, sem devaneios
É o medo de nos sentirmos sem medo
De enfrentar
O labor pela vida, sorrindo sem cessar
É a responsabilidade de crescermos
Sem julgar
É o sorriso que nos encoraja, a continuar ...
A ter fé no futuro, sem pestanejar
E no cotidiano da vida, a solfejar
Possamos ter sempre nos lábios um sorriso
Para um colega agradar.

Sal picando
(Jovam Vilela da Silva)
Salpicado de mel
Salpicado de sal
Salpicado de barro
Salpicado de fel
Salpicado de flores
Salpicado de espinhos
Salpicado de paixões
Salpicado de beijos
Salpicado de moedas
Foi a obra do Senhor
Salpicado de leões
Salpicado de conversões.
Salpicado de ilusões
Salpicado de mártir
Salpicado de lesões
Foi a obra de doutrinação.
Salpicado de indulgências.
Salpicado de Santas Guerras
Salpicado de ingratidão
Salpicado de violações
Salpicado de enganos
Salpicado de honestidade
Salpicado de embustes
Salpicado de Amor
Foi a continuação do nada
Foi a confirmação
Que não souberam entender
A mensagem
Sal picada de Amor.

Diálogo Místico
(Jovam Vilela da Silva)
Em que sois te encontras?
Em que mundo te escondes?
Por que não me respondes ...
Da imensidão do infinito? ...
Não sou digno da tua presença ... ?
Não fiz de tua obra a minha vida? ...
Não te defendi dos embusteiros com galhardia? ...
Ou tudo que fiz foi covardia? ...
No próprio interesse de minha vaidade
Num ponto de apoio das fraquezas que vivo.
Numa satisfação à sociedade.
Na arrebatação das paixões mais puras.
Trouxeste no filho a certeza do perdão
E no Espírito Santos a graça da compreensão ...
Mas te afastaste da Terra após a reencarnação ...
Dando aos terraqueos prova de amor e doação ...
Mandou-o para que a sua glória fosse consagrada
Na tua obra imortalizada a verdadeira fé
Entetando não o compreendem, te ignoraram ...
Fazendo do filho o verdadeiro senhor ! ...
Qual Buda despojado de seu luxo e prazer
Penetenciando-se, rosto ao solo, na árvore da vida
E a luz do céu, deu-lhe sabedoria
Pra pregar a igualdade, o amor e justiça.
Mas tudo em vão, ficou apenas a pregação
E ao pregador lhe fizeram senhor ...
Pois era êle que milagres vazia ...
Na graça do Divino Espírito do Amor.
E o Homem no impacto da verdade
Acreditou naquilo que seus olhos viram, santificou
E o Redentor ficou no alto esquecido
Da verdade pregada, do filho que adotou ...

Minha infância....
(Jovam Vilela da Silva)
Nada mais foi que um místico de encaminhamentos para a vida presente, um preparatório para o futuro. Imagens que terei sempre guardada na memória, saudades de sombras que não mais existem, fragor enfraquecido de minhas alegrias e de minhas tristezas.
Poderei dizer o que trago de doçura na hora presente, o que expresso de encanto às horas para sempre desvanecidas.
À medida como todas as coisas se sucederam e afastaram de mim, elas se tingiram dos tons mais doces e mais ternos, semelhantes às cores do outono, tão tocantes e tão amáveis.
É nos peculiar o amor a vida passada do que a presente e por isso festejados em nossa imaginação os anos de outrora, como são os velhos amigos, em detrimento dos novos.
Como eram bons os folguedos de então ! (Esqueci-me das ardentes inquietações com que elas me atormentavam para as peripécias e travessuras).
Assim, meu coração está cheio de condescendência para com esta parte de minha vida que não vivo mais. A imaginação se envolve de um tênue vapor, que á as coisas uma graça secreta e encantadora e me inspira a mais doce melancolia.

Qual o Caminho ? ...
(Jovam Vilela da Silva)
Ao longo da estrada
multidões caminham, seguem
Automatos continuam, não vêem
A sua volta a obra do Senhor
A frente uma bifurcação
Dois caminhos a tomar, entretando
Parecem não perceber, continuam
As indicações laterais, ignoradas.
O que importam são as pegadas
A trilha sonora, marcada
pisoteada sem dó, não importando
Ignorando os que de cansaço
Desfalecem no pó.
Mais à frente o precipício
Imundo, decrepito, pontiagudo
a dilacerar sem dó a massa
que despenca sem pensar, na
encruzilhada que ficou, a vagar
das placas pintadas a chorar
A insensatez dos que não
a souberam utilizar

Correio
(Jovam Vilela da Silva)
Recebi sua cartinha
Fiquei muito emocionado
Com a sensibilidade existente
No teu lado apaixonado;
Fico a imaginar horas lindas
A teu lado ... sem relógio
Para curtir um papo infindo
Com você garota maravilhosa.
Talvez então o tempo pare
Cante os pássaros à luz da aurora
E juntos possamos bailar
O ritmo do amor ... muito embora ...
O sono de acalanto de agora
Não faça o gênero de melodramas
Nem príncipe ou cinderela de outrora.

O lado bom
(Jovam Vilela da Silva)
Quero ser uma ilha
Um pouco de paisagem
Uma janela aberta
Uma montanha ao longe
Um aceno de mar ...
Quando precisares de sonho
De um pouco de beleza
De um pouco de silêncio
Ou simplesmente de sol .... de ar ...
Quero ser o lado bom
Em que pensas (isto que a intimamente
a gente deseja e que nem sempre diz)
Quero ser aquela hora
Que sentes falta
Para ser feliz ...
Que quando pensar
Em fugir de todos
Ou de ti mesma, enfim ...
Penses em mim

E agora? ! ...
(Jovam Vilela da Silva)
É algo realmente estranho
O que sinto em meu ser
Eu vejo nuvens estranhas
Descendo ao entardecer
A brisa passar despercebida
Na alegria de viver, ajustado
Ao padrão desengoçado, estropiado
Na escuridão do anoitecer
E sinto a realidade injusta, justa?!
Quem sabe, eu não sei ...
Só entendo a voz da alma
Na rebelião do amanhecer
Eu me solto no espaço vazio
Espero o impacto do nada
A descida é suave, lenta
No devaneio da esperança incontestada.

Sete de Setembro
(Jovam Vilela da Silva)
Há 157 anos
Às margens do Ipiranga
Descansava a comitiva
Do Reino, Brasil unido.
O sol já se declinava
E a tarde ia avançando
No tropel de um mensageiro
A Independência se aproximando
A sanha voraz das Cortes
Não deixando alternativas
Punha de fora as garras
Pressionando os irmãos amigos
Já não importava as causas
Muitas menos as conseqüências.
José Bonifácio ultimava
De Dom Pedro, sérias providências.
As Cortes querem nos escravizar
Laços já não nos unem mais
Queremos a Pátria livre
Nesse primaveril setembro
Liberdade, Liberdade, como é bom...
Saber as asas alçar, vôo infindável...
Entretanto, ventos desfavoráveis no planar...
Nos colocaram a mercê do Capitalismo Inglês, naufragar...
Para que a consolidação da realidade presente
Fosse possível concretizar, fizemos acordos...
E pagamos, o preço da Inconfidência...
Ao tiritar dos tambores ficamos com meia Independência.
E os anos foram passando a luta continuando...
Muitos tombando na lida a busca de novos horizontes
Tentando encontrar nova Casa de Bragança
Que possa sacudir a peita imposta pelos verdugos...

Charme
(Jovam Vilela da Silva)
Moça menina que graças tem
Nos lindos olhos que me enfeitiçam
Na maneira doce de conversar
Nas suaves curvas do teu gingar
Empolgo-me, vibro, fico a pensar...
Cantando saio para te encontrar
Brejeira passa a flutuar
Qual beija-flor, rosas a beijar...

Sabe ... Eu gosto tanto de você......
(Jovam Vilela da Silva)
Era uma tarde de verão como tantas outras. O sol se escondendo tingia de púrpura a linha do horizonte. As linhas de luz que escapavam davam um ar angelical ao final do dia, como se abençoasse a entrada da noite. Tudo a minha volta estava quieto, por estava eu a te contemplar. Talvez as coisas não tenham sido tão fáceis, nem tão difíceis. A gente é que às vezes tem o dom de complicar o fácil, sem simplificar o difícil. Mas você estava ali, como aqui. As fronteiras são o início de teu amor e talvez até de tua própria paixão, de um povo que ama mais a tua ira, do que a sua doação de dor.
Os contrastes das cores, embora todas caídas para o encarnado ficavam a bailar no ar, como a desafiar o gladiador que não as soubesse apreciar, porque era a demonstração da perfeição de um quadro para o crítico que extasiado ficasse a te admirar. A obra em si, talvez, não tivesse tanta importância, nem tampouco a avaliação do perfeito ou do imperfeito, o que realmente contava pontos era o modo de encarar, talvez na maneira singela de saber confiar.
Ontem quando aqui estivestes, demonstrou a todos que o caminho do amor, vence todos os obstáculos, mesmo quando todas as esperanças se encontram perdidas. O mundo de então era hostil, aguerrido e talvez despojado de fatias de bem querer. Acredito até que não te soube compreender. A mensagem bem dosada, no entendimento quase que fantasioso e fantástico das mentes de então encontraram pouca ressonância no cérebro dos mais cautelosos, e no coração, somente o que os olhos podiam comprovar. Hoje, embora os percalços e imprevistos da vida corrida do cotidiano, as coisas não estejam muito melhores. A racionalidade do homem atual está no desequilíbrio do místico e do fantástico, quando não do sobrenatural.
Só espero que a mensagem levada ontem possa ser bem compreendida hoje, e a ressonância nos corações e cérebros, possam ser bem mais palpáveis para os videntes, e bem mais afetivas para os chamados puros de coração.
Eu só sei de uma coisa, apesar de tudo, de todos, da vida maravilhosa que me dás, eu só posso dizer que.....
Sabe... Eu gosto tanto de você.....

Dúvidas ou Certeza ? ! ?
(Jovam Vilela da Silva)
Recordo tempos
Vida que se foi
Saudades que não voltam
Alegrias que morreram
Frutos que murcharam
Águas que correram
Sonhos que se perderam
No auge da mocidade
Velhice precoce, retardada?
Não sei, perdi-me, estagnei
Num lapso de tempo mergulhei
Das entranhas da cegueira, sai ? ! ?

Momentos
(Jovam Vilela da Silva)
A brisa suave tocou seu rosto
Os cabelos esvoaçantes
Os olhos claros, graúdos.
A fixarem os meus
Nenhum som, nem contato.
Apenas um olhar no outro
Os corações batendo descompassados
Almas irradiando felicidade
Por se encontrarem juntas
Por poderem despreocupadamente
Amarem-se por uns momentos

Muralha
(Jovam Vilela da Silva)
Gigantesca muralha de pedra
Rapsódia de tubarões
Panfletos de imagens mortas
Encosto de águas vivas
Labareda de paixões
Incontroláveis devaneios de promessas
Muro de lamentações do passado
Presente conflito de gerações
Interesses antagônicos, recordações...
Do pó que se ergue na imensidão
E o futuro, se encaminha.
Num canal de ligação
Das vidas que se perderam
Da paz pedante, brejeira.
Que se perde na poeira...

A ti
(Jovam Vilela da Silva)
Eu gostaria tanto de estar ai
Você não imagina o quanto
Senti-la ao meu lado, seu calor.
Seu perfume, a meiguice de seu olhar de gata
Naquele profundo verde, azul acastanhado.
Encantar e rejuvenescer a menina dos olhos
E preencher o vazio da mente
No espaço e no tempo
Com sua silhueta encantadora
De contornos suaves, apenas de duas maternidades.
Apreciar essas estrias lindas
Que deixaram em ti
Um pouco de mim
E quando a noite se deitar
Acaricie-as para me sentir
Aí bem perto, muito perto de ti.

Cada um... de per si ...
(Jovam Vilela da Silva)
Paro e olho para o infinito azul
O complexo astral me cintila luz
Que à noite com sua ofusques absolve
Mas acabo recebendo a minha parte
Porque consigo superar o próprio negrume
Para poder receber a luz própria do ser
Que emana em breviários justos
Aos injustos raios do apoquentado sistema
De esferas rubras e manchas transversais
De aspectos sombrios verdes claros
Porque e preto como terror já cansou
E se tornou o pano de fundo descorado
Onde sombras não são vistas
Pois se confundem com as cores
E ao observador tenaz e perspicaz
Há de sobrar à indiferença
De sentir os devaneios ferozes
De cada um... de per si ...

Solto
(Jovam Vilela da Silva)
Solto por etapas sucessivas
A vasculhar o infinito do saber
Perdi-me em devaneios intrínsecos
Das conjunturas histórico/sociais
E num relampejo de cosmovisão
Traço linhas retorcidas e ignotas
Das intrigas palacianas de sótão
Para não cair no ostracismo
Da análise do erro de transição
Que marca os períodos e dissecar
As fontes de evidências, evidentes...
Distorcidas conforme as conveniências
Das teses rebuscadas de lirismo
A encabeçar os rituais de orgia
Ou seria de liturgia aguda
A soar falso em conjunturas mil
Para que no rodopiar do pião
Tudo se misture e engrene.
Numa estrada da contra mão.

A agora... como será ?
(Jovam Vilela da Silva)
Temos um dom
Dos mais caros
O comunicar
Saber falar, plagiar.
Pois ovo de Colombo
Não é fácil de achar
No cotidiano, vida salutar.
Fuxico dos outros
Como é gostoso falar...
Rir, gargalhadas soltas no ar.
E não perceber, sentir.
(Apenas gozar, as picantes troças do semelhante...)
O mal que espalhamos
Nas inconseqüentes prosas
Porque na verdade
Não pensamos pra falar mal
E o bem nunca lembrado
E quando falamos por mal
E agimos como tal
Espalhamos o sofrer, para pagar.
Pois saldo não vai faltar
E um belo dia, aqui mesmo.
Dirá. E agora... como será...?

Dim Dom
(Jovam Vilela da Silva)
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Fazer da cama um brinquedo
Para termos um sono de justos
Dim Dom... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Fazer da arte de ensinar
Um bico mal remunerado?
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Usar a justiça para ter direito
Humanidade amorfa sem preconceitos
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Despejar demagogos
Pra ter sossego. Ah! que bom ! ? ...
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Dim Dom ... Dim Dom...
Não receber aumento e vibrar
De ver nosso filho sem pão
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
A constituição nos dá
O cargo de funcionários públicos
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Sermos uma classe bem unida
E sabermos dizer não
Aos sabotadores da educação.
Na defesa da Nação.
Dim Dom ... Dim Dom...
Vamos usar a razão
Ah ! Ah ! Ah ! Ah ! Ah !
Que triste gozação...

Carta ao Presidente
(Jovam Vilela da Silva)
Cansado da luta inglória
Do repicar dos tambores
De idealismo esfarrapado
Com a bandeira de bandeirante a meio pau
Eu vejo...
O ensino pregado, esfomeado, sepultado.
Como numa praça de touros, olé...
A multidão aglomerada se acotovela
E passivamente presencia a luta desigual...
Dando vivas ao toureiro, demagogo sem igual.
Passeia a frente da turba, galante.
Imponente e com maestria gira a capa
Que é a sua garantia e ordena...
Solte o professor (segreda ao assessor)
Vou cansá-lo devagar, distraia-o para eu descansar.
E eu vejo...
O touro salta a ARENA, o povo o aplaude.
Procura a princípio pegar quem o oprime
No meio do circulo observa
O povo, depois a tribuna de honra.
Lá os amigos do demagogo debocham
E o touro assiste calado, o seu fim
E eu vejo...
O campeador se aproximar, olé! ...
Fazer a capa sobre si girar
E desafia o touro a gargalhar
Pois sabe que o touro não o poderá pegar
Depois enche seu dorso de portarias
Para fazê-lo sangrar, as forças perderem, cansar...
E quando percebe um leve protestar
E pontiagudas leis trabalhistas a incomodar
A constituição e o bem estar social atrapalhar
Grita AI-5 para intimidar
E tenta colocar o patriota no conveniente lugar
Pra poder tocar-lhe com a espada, matar...
E eu vejo...
A classe desunida, arfar, calar...
E o ensino naufragar, aos poucos se afogar...
Por não ter homens competentes a administrar
Por fazer do magistério uma presa política
Pra poder jogar e com seu eleitorado contar;
Pra criar critérios que burlam e ofendem
A Segurança Nacional, seu bem estar social...
Criando um mal estar geral.
E eu vejo...
O professor desanimar, o ensino se avacalhar...
Porque o Estado do Paraná não quer dar
Condições decentes de trabalho por seu efetivo educacional
Por fazer do magistério bico e não uma situação social
E eu choro, porque sei que tudo vai se afundar.
O idealismo está morrendo não há por que lutar
Só se encontram barreiras e a ARENA E MDB a se calar
Senhor Presidente interfira, não deixe, nem permita.
Que o caos se abata sobre o alicerce
De um país que se agiganta para o mundo
Não deixe que a educação se estropie
No interesse de alguns acomodados políticos
Que fazem dela política como se fosse lata de lixo
Proteja com toda garra
A educação do Paraná e do Brasil, olé! ...
(NB - Esta poesia foi feita no ano de 1974, em Assis Chateubriand, Paraná, dai a referência a leis e partidos políticos já inexistentes atualmente.)

Inquisição
(Jovam Vilela da Silva)
Tribunal! ...
Aqui estamos reunidos
Para julgar...
Não é permitido ao réu
Falar, nem mesmo piscar.
Que não se atreva.
A tentar querer nem mesmo
Sentir
Pois isto é vedado
A quem por um momento
se atreveu a tentar mudar o modus vivendi
Deste salutar lugar
Pois como poderíamos
Permitir, hipócrita que:
A prostituição diminuísse, se somos gigolôs...
A polícia se regenerar, se é o nosso alicerce de poder...
A ousadia de em tudo interferir
Vai lhe custar o lugar
De pederasta do local
Para que nós possamos sentar.

Um sonho que tive
(Jovam Vilela da Silva)
Nas névoas me senti e num longo abismo caí. Porém não era uma queda brusca e desesperada, caia leve ... Serenamente. A princípio tudo estava na mais completa obscuridade... Depois olhei para baixo, uma pequena luz distingui até que tudo se clareou e me senti em terra firme. O aspecto era lúgubre. Levantei-me aos poucos e fui reparando em tudo o que havia em volta. Era uma grande sala toda iluminada por archotes nas colunas que sustentavam o teto aberto ao centro. Quando no meio da grande sala, quase morri de susto. Dez portas num só ranger abriram-se e de lá igual número de bailarinas começaram uma dança frenética acompanhadas de uma música idêntica a dos hindus. Um calafrio que começou na ponta do dedão foi até a cabeça e por pouco os cabelos não ficaram eriçados ( acho que foi por causa da brilhantina em excesso que passara antes de me deitar).
Aos poucos se foram aproximando de mim. O único desejo era correr, gritar, poder dali fugir. Por mais esforço que fizesse, minhas pernas não obedeciam, pareciam estar coladas ao assoalho de mármore. O suor crescia a proporções incríveis. Parecia ser eu a nascente de vários rios.
A dança continuava, cada vez mais excitante, cada vez mais acelerada. Fechei os olhos e esperei pelo pior. De uma só vez todas se levantaram e transportaram-me para outra sala. Continuei com os olhos cerrados até que uma voz ordenou-me que os abrisse. Abri-os e quase caí de costas. Aquele aspecto lúgubre desaparecera.
Encontrava-me agora em uma ampla sala rodeado por meus amigos, colegas e entre todos a minha namoradinha. Perguntei o significado daquilo e eles disseram-me que havia desmaiado ao tropeçar em uma cadeira e ter batido a cabeça em duas outras. De fato ouvi os galos cantando. Estávamos pois na casa da Rita festejando um aniversário. Saí um momentinho para a sacada em companhia de minha garota para refazer-me melhor da pancada. Não voltamos para dentro, ficamos escutando os discos e conversando sobre nós e o futuro. Olhando-nos por alguns segundos quietos e depois encerramos o assunto com doce beijinho.
Quando levantamos para entrarmos e irmos ter com os outros olhei para a fonte que jorrava água a vários metros de altura. Eram três poderosos esguichos d'água que subiam e desciam ritmicamente. Chamei-lhe a atenção e juntos olhamos aquele fluxo d'água, virei-me para ela e disse:
--- Todas as vezes que contemplares a água da fonte e vires três fluxos recorda-te de três palavrinhas que vou dizer-te: Eu te amo!!!!! Drim, Drim, Drim...... Acordo sobressaltado.
Ah !!! é você... Por que foi acordar-me logo agora que estava tão bom ?
Silenciei-o com um pequeno toque na trava.
Troquei-me e vim para o ginásio fazer educação física.
O que mais sinto é que foi um sonho.

Lucélia
(Jovam Vilela da Silva)
Lucélia minha querida urbi et orbi
Imagem vivenciada
Ressurge de suas cinzas
Na memória fotografada
Cada um de seu jeito
Lembrando de cada momento
Idealizada para o futuro,
Com ferrovias, praças e museus
Reúne os parceiros, amigos e conhecidos
Numa prosa nostálgica e mágica
Cantando onde nasci e cresci
Projeta sua luminosidade
No esplendor encantador
Que me afaga a alma
Nas entrelinhas de cada história.

Sarapatel
(Jovam Vilela da Silva)
É constrangedor
Inusitado saber
Que sarapatel
Não tem só miúdo
Imundo, decrépito de porco fuçador.
Mas sim contém
O contido da essência da alma
De quem tempera
Pois o paladar vem
da maneira individual
Do saber fazer
Do saber usar
De saber mexer
Da carne crua, remexer, revirar...
As entranhas antegozarem
O gosto na boca...
Antes mesmo de provar...
E quando ao fogo chegar, terá já...
O saldo positivo
O provar incontido
Do esgar....
Somos livres
Na ponta da lança
Na pujança do sabre
No galope do corcel
No repicar dos tambores
No toque do clarim
Na farda verde e caqui
A glória do passado
A segurança do presente
A esperança do futuro
Glorioso, sem mácula, sem nódoa.
Como o foi até hoje
Feito de amor, de bravura.
O patriotismo.

Orkontro
(Jovam Vilela da Silva)
Foi uma idéia feliz a confraternização do encontro
Reunindo pessoas que por anos não se viam
Trouxe lembranças e aconchegos da alma
Que o tempo e as lembranças adormeciam
Uma noite de emoções, abraços acalorados
Memórias em desafio para relembrar a silhueta do tempo
Homens e mulheres adultos modificados pela vida
Felizes pelo reencontro de amizades antigas.
Muita emoção, poesia, arte e magia, nostalgia
Muitas fotos, risos e galhardia da euforia
De estar vivo e conviver novos fatos e festejar
A vida, as vitórias e derrotas que cada um ao seu modo
Superou em voltas e redemoinhos que surgiram
Conseguindo reconstruir momentos de uma vida.

Uma bela homenagem
(Jovam Vilela da Silva - nos idos de 1967)
Há muitos anos passados
Nos rincões da terra onde nasci
Instalava-se uma luminosa prosa
Que as asas do desejo almejavam
Voar, voar, voar....As nuvens alcançarem
Sentir-se livre e solto no turbilhão do vento
De cauda, pra se ir mais rápido
Mas nunca de sotavento pra não atrasar a vida...
Uma idéia na mente...os traços no papel...
Toma forma o pensamento.....
Concretiza-se o esboço a cinzel
Uma aeronave nasce da pedra bruta
E solta ao vento se projeta como um míssil
E ruma ao infinito das ilusões sonhadas
Construindo um mote de aventuras.
Que mantêm em movimento o desejo
Em homenagem aos seus idealizadores.
Poema a voce....
Amor de minha vida, paixão, ventura
de horas alegres, de dias intermináveis;
A música embala meus pensamentos,
lá fora um pássaro canta, a brisa sopra diáfana as nuvens,
gente que anda, carros que passam, uma lágrima que cai,
um peito que arde e se expande de alegria, uma palavra amiga.
um adeus, a felicidade reencontrada, um lenço que acena,
palavras roucas, outras alegres, o encontro de olhares,
uns dispersam-se, outros são cálidos, profundos, ardentes.
Neles há paixão, amor, ansiedade, renúncia, tristeza, dor, receio..?
Sim, tudo se encontra num coração apaixonado.
Os castelos de areia, os sonhos coloridos fazem parte
do cantinho poético que cada um de nós tem em seu coração.
Amar a natureza é amar o Criador. amar voce e ser´por voce amado
é viver, sentir-se realizado.
Querida voce é ternura, o embalar de um sonho coloreido,
o nectar sagrado dos deuses, o âmbar que santifica, apureza
que imortaliza, a fé que enobrece, o amor que ganhei, dos sonhos
que tive e que não quero perder.
Voce é isso, mais a belza do sol, pureza cristalina das águas
de um corrego, doçura de um amor penetrante
O tempo passa e com ele toda nossa alegria, ilusões,
mas nunca deixará de existir amor em nossos corações.

É tu, criança ...
(Jovam Vilela da Silva - ...ainda nos anos 60)
E tu criança de meus anseios.
Que brincas dentro do peito,
E faz-me sonhar tão alto
É tu criança tão linda
Que alto clamor encerra,
Desperta da vida, a face
Do carinho, consolidação.
É tu criança, boneca
Que me faz amar assim,
Desperta a vida em meus braços
E nunca se aparte de mim.
Es tu criança a luz
Que clareia o meu caminho
Dos dias escuros, tão turvos,
Amenizados por seu carinho
É tu criança, em síntese
O amor que esperava
Me deste de corpo e alma
Todo o bálsamo que necessitava.
É tu minha criança....

Huuuuuu....Paixão......
Jovam Vilela da Silva)
Pelos prados percorria leve brisa matutina roçando-me o rosto numa caricia, confraternizava a minha querida. Levada ao vento retribui doce enlevo de um instante. E a brisa sôfrega, ligeira, radiante servia-me de guia na imensa pradaria. Aos olhos descerra o sol no horizonte. Andei até me esfraldar. Sentei-me junto de um riacho vendo as águas a pipocar sobre a limosidade das pedreiras do caminho. Os pássaros contavam alegres riscando o céu com seus vôos vertiginosos. O céu todo estampado com seus imensos algodoais dava a natureza uma quietude repousante.
Senti-me só tremendamente só, onde o esplendor da natureza embalava meus anseios, a ordem do pensamento das paixões atormentantes. Deitei-me na relva plácida contemplando o infinito, procurando definir nas linhas entrelaçantes dos raios de sol, o contorno das formas, o traçado indefinível de seu rosto, seus cabelos, seus olhos, sua boca sensual, a ternura repousante de seu gracioso e deleitoso sorriso.
Neste contemplar sereno de tão lindos arabescos, sinto no peito o aperto estreitado, dolorido, extenuante da saudade que o invade, de pensamentos que voam longe. A busca de seu olhar, de seu sorriso singelo, da paz de espírito tão necessária que a tua pessoa induz. Procuro me consolar de tê-la longe de mim, embalde não o consiga, pois trago-a dentro do meu ser. Então me deixo levar pelas asas da imaginação para depois torna-los em realidade dinâmicas e não sentir na carne anos vazios.

Dois corações....
(Jovam Vilela da Silva - ainda nos anos 60)
Gostaria que neste momento toda e estrutura universal parassem, tudo se aquietasse, os anos passados seus olhos voltassem e vissem que ainda existe, no mundo que vivemos, amor, amor puro e celestial, saído de dois corações jovens e ardentes, livres de toda sorte de preconceitos, tabus e promiscuidades desairosas que o mundo atual enfrenta. Dois corações que se amam, pelo simples fato de se amarem, dar de si, sem exigir muito de ontem. Dois corações que já viveram alegres, tristes, mas que a nada estacou. Dois corações que juntos, fundidos num só transpuseram a barreira ignota de pessoas menos esclarecidas. Dois corações que também atravessaram barreiras de pessoas que visavam o seu bem estarem próprio. Dois corações que lutaram e lutam por melhores dias, mesmo acediados pelas intempéries da sorte e do tempo. Dois corações que tem esperança de um dia fazerem ressurgir daí uma casta, um clã glorioso, num mundo sem restrições e promiscuidades degenerativas. Dois corações que buscam um lugar ao sol, a fim de atender suas prerrogativas espirituais. Dois corações que ao passar o tempo se sentem mais ligados por uma terrível e apoteótica sede de amar, mais sempre mais, porque somente o amanh]a lhes é promissor, apesar....

Por uma estação
(Jovam Vilela da Silva)
Eu fui saindo, to caminhando..
Rumando em torno de minha vida
Carregando a vida, a luz , o dormente passando
Encaixado em duas vias, levando e trazendo.
Eu vim, eu fui, to encostado...esquecido
No trampo do apito, me conduzindo...
Saudade imensa de tempos vividos...
Juntando amigos, nos afagos sentidos...
Em bitola larga, estreita ou média
De lenha, a diesel ou elétrico, existo
Ainda assim sou lenda viva que a linha revela
Empurrado com os ombros do descaso
Esgastalhado nos arquivos do tempo.
Espero a partida de um novo começo...






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