Júnior Santos, hoje no Botafogo do Rio de Janeiro usava outro nome no Osvaldo Cruz F.C.; não tinha salário na última divisão de SP e "Chutava de qualquer jeito"
Nossa Lucélia - 11.03.2024


Aos 22 anos, ainda como Júnior Berimbau, atacante trabalhou com técnico ex-lateral do Flamengo que o ajudou a perder vícios do amador e abrir caminho para golaços iguais aos da Libertadores

OSVALDO CRUZ - O ano de 2017 foi determinante na carreira de Júnior Santos, hoje brilhando no Botafogo do Rio de Janeiro. Naquela temporada, o atacante recebeu a primeira chance em uma equipe profissional, para disputar a quarta divisão do Campeonato Paulista.

O responsável por aprová-lo no Osvaldo Cruz F.C. tinha consciência de todas as qualidades e limitações do então atleta de 22 anos. E o preparou rumo a desafios maiores, como a Conmebol Libertadores de 2024. Mesmo sem os dois saberem.

Ex-lateral de Flamengo, Bahia, Goiás, Guarani, Ponte Preta, Sport e União São João, Luciano Baiano foi o primeiro técnico profissional de um jogador que não passou pelas categorias de base.

Direto de Ilhéus, na Bahia, o profissional de 47 anos relembrou as histórias com o atacante enquanto dá uma pausa na carreira de treinador. Entre elas, estão os dias anteriores à avaliação e aprovação no Ituano, responsável por fazer o atleta saltar da quarta para a primeira divisão estadual em poucos meses.

“Quando acabou o campeonato, fomos eliminados, ele foi para casa, passou dez, 15 dias, voltou e ficou comigo até o último dia antes de ir para o Ituano, principalmente treinando finalização. Ele chutava de peito de pé, de qualquer jeito. E eu sou muito chato com essas coisas de bater tirando, chapar a bola quando está próximo do goleiro. Chegou uma hora, de tanto chapar, que o adutor dele até sentiu. Teve que ficar fazendo gelo. Mas conseguiu evoluir. Foi muito trabalho”.

O episódio mostra como era a relação entre Luciano Baiano e Júnior Santos há sete anos, a qual ultrapassava os limites do campo e lembrava a de pai e filho. Os dois foram protagonistas da última temporada de alegrias de um clube fundado em 2004, dono de três acessos e inativo no futebol profissional desde 2022 por não ter estádio para mandar as partidas. O palco dos treinos e gols de Júnior Santos, o Breno Ribeiro do Val, se encontra atualmente em obras.

Santos? Não, ali ele era Júnior Berimbau, levando para os gramados o apelido da cidade natal, Conceição do Jacuípe, perto de Feira de Santana, na Bahia.

O atacante fez cinco gols em 2017, os últimos três do Azulão no campeonato sub-23, nas fases decisivas. Vestia a camisa 10 e fazia uma dobradinha empolgante na cidade de aproximadamente 31 mil habitantes, localizada a cerca de 600km da capital, no Oeste Paulista. Ao seu lado estava Felippe Cardoso, ex-Fluminense e Santos e atualmente no Casa Pia, de Portugal.

“Ele jogava na minha cidade, no campeonato amador de Valença. Um amigo meu falou: "Tem um atacante bom aqui na cidade, só que já está muito velho. Acho que nem dá para disputar o campeonato aí." Eu falei: "É o último ano, dá sim. Manda aqui para fazer teste, vou avaliar." Avaliei, gostei da força, tinha muitos defeitos, um milhão. Durante a competição, ele foi evoluindo. Quando chegou, recebeu muitas críticas por não entender o jogo, mas com o tempo, foi trabalhando. No final do campeonato, conseguiu se destacar”, disse Luciano Baiano.

“O trabalho foi duro, pois era um atleta do amador, nunca tinha jogado profissional, não tinha noção de nada, não sabia nem se posicionar em campo. Mas tinha muita força, velocidade e qualidade no drible. Quando estava próximo de acabar a competição, com a idade dele ultrapassada, estávamos preocupados com o futuro. Entramos em contato com um empresário, falamos do Júnior, do talento, do destaque. O empresário relutou por causa da idade. Insistimos. Eu falei: "Pode levar para fazer teste em qualquer clube que vai ser aprovado, completou.

Peça importante na reorganização do Osvaldo Cruz e no aval para a contratação do atacante, o então presidente e hoje à frente do Conselho Deliberativo, Rubens Romanini, revelou que, em 2017, os atletas não tinham salários fixos no clube. Havia premiações conforme os resultados esportivos. O maior prêmio ocorreu em uma classificação com dois gols de Júnior Santos.

“Naquele dia, eles ganharam R$ 10 mil para dividir entre eles”.

“Os jogadores ganhavam um valor por vitória e, no fim do mês, a somatória era próxima a de um salário mínimo. Quando perdiam, ficavam loucos. O Júnior veio para o clube e deixou mulher e filho na Bahia. A gente sempre ajudava ele. E o Luciano tratava os atletas como uma família”, falou Rubens.

Para os vícios de um atleta amador de 22 anos serem tirados e substituí

dos por qualidades necessárias na hora de marcar dois gols em um confronto eliminatório de Libertadores, houve um treinador o qual teve paciência e fez a lapidação. Um técnico que, mesmo distante, sem manter atualmente contato próximo ao jogador, segue na torcida pelo sucesso do pupilo.

Como alguém que conhece tão bem o atleta, Luciano Baiano indicou o caminho para o atacante se manter em boa fase. Conforme o treinador, times com muita posse de bola não são compatíveis ao estilo de jogo dele. A torcida do Botafogo agradece a dica!

“O Júnior precisa de espaço, funciona em equipes reativas. O Fábio Matias está dando muita liberdade para ele. Quando a equipe adversária passa a se expor, e os zagueiros ficam em uma linha perto do meio-campo, ao perderem a bola, o Júnior tem vários metros para disparar. Aí ele se destaca como poucos, pois tem muita força e velocidade”.


Fonte: João Paulo Tilio _ Do ge P. Prudente



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