"É um sentimento que não desejo a ninguém", diz goleiro que quis deixar jogo após suposto ato de racismo
Nossa Lucélia - 26.04.2022


João Pantaneiro defende o Osvaldo Cruz e explica episódio vivido na estreia do time na quarta divisão de São Paulo, no domingo, em Santa Cruz do Rio Pardo

OSVALDO CRUZ - O goleiro João Pantaneiro, do Osvaldo Cruz, que relatou supostas ofensas racistas sofridas na estreia do seu time no Campeonato Paulista da Segunda Divisão – quarto patamar estadual – e quis abandonar a partida, falou sobre o assunto nesta segunda-feira.

Ao ge Prudente e Região, ele comentou o episódio vivido no último domingo (24), no segundo tempo da vitória de 1 a 0 sobre a Santacruzense, no Estádio Leônidas Camarinha, em Santa Cruz do Rio Pardo.

“Meu pensamento era só de deixar a partida, pois nunca tinha passado por isso. E vou te falar, é um sentimento que não desejo para ninguém. Mas fiquei pela minha família, meus companheiros. Deus foi me dando forças para continuar e, graças a Deus, Ele honrou a gente com a vitória. Deus é justo”, disse o camisa 1.

Na metade do segundo tempo, após a pausa para hidratação, o árbitro Pedro Henrique Alves de Paula pediu ajuda do policiamento para conter os ânimos dos torcedores que estavam atrás do gol defendido por João. Na sequência, o goleiro caminhou para fora da grande área. Colocou as mãos na cabeça e se mostrou mexido com as palavras escutadas.

Colegas de time, aparentemente, tentaram convencê-lo a voltar à meta para o jogo ser reiniciado, até que o atleta retornou ao posto, e o duelo recomeçou. O árbitro assinalou 12 minutos de acréscimos e relatou o episódio na súmula.

“Infelizmente existem essas pessoas no mundo ainda, ingratas, que não sabem o que falam. Estava relevando tudo, mas a partir do momento que me chamou de preto, é complicado. Pensa: uma pessoa que nunca te viu na vida, não tem intimidade nenhuma, te chamar assim, é complicado”.

“Futebol não precisa disso. Hoje eu passo aqui, aí vai outro goleiro lá passar de novo. E nada acontece. Sou pai de família, meu filho tem cinco meses, imagina ele me ver passando por isso”, completou o goleiro, natural de Cuiabá (MT).

O jogador do Osvaldo Cruz disse que vai fazer um boletim de ocorrência. O técnico do Azulão, Carlinhos Alves, também comentou a situação.

“É muito lamentável nos dias de hoje isso acontecer, está virando uma coisa normal. As pessoas competentes têm que tomar atitude para não continuar acontecendo. O jogo estava tão bom e foi paralisado por pessoas que não vão para torcer, vão para tumultuar”.

“Temos que fortalecer o atleta. Essa divisão é muito complicada, em todos os setores. É muito difícil jogar fora de casa, com ambiente hostil, é importante se concentrar na partida. Foi um momento difícil, os jogadores ficaram chateados, alterados, e eu pedi para eles terem calma”.

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“Não vi o lance, estava do outro lado do campo. Teve gritos homofóbicos, isso sim. O árbitro disse que não queria mais esse grito, chamou a polícia. Neste meio termo, ele disse ter sido xingado. Os torcedores que estavam lá e conversaram comigo depois disseram que ninguém falou. Fica a interrogação. Ele chorou, ficou chateado, são as palavras dele, e eu sou contra racismo, mas precisa ver até que ponto foi verdade. Não temos câmera de monitoramento no estádio. Se alguém tivesse xingado, acredito que algum torcedor denunciaria. É uma coisa chata”.




Fonte: João Paulo Tilio _ Do ge

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