Exposição em Lucélia reúne casos de mulheres vítimas de violência
Nossa Lucélia - 31.08.2021


Idealizadora da exposição, Mariana Valentim, também conta que foi vítima de violência

LUCÉLIA - Duas iniciativas em Lucélia neste mês de agosto marcaram o período de conscientização e combate à violência contra a mulher. O “Agosto Lilás” foi debatido na cidade pela Prefeitura, por meio da divulgação de conteúdos de orientações e esclarecimentos, e ações desenvolvidas sobretudo pelos órgãos da área da assistência social, e por uma nova abordagem idealizada pela professora e vereadora Mariana Valentim. 

Com o objetivo de tentar ampliar o alcance dessas discussões e levar o debate a um maior público, a vereadora usou suas redes sociais e fez 31 publicações – uma a cada dia do mês de agosto – expondo casos e relatos de mulheres que foram vítimas de violência. As publicações fizeram sucesso na internet e ganharam uma versão física, com a impressão das artes digitais e a afixação em um varal, no Paço Municipal.

A mostra ocorreu no último sábado (28) pela manhã e se repetiu nesta segunda-feira (30) e terça-feira (31), onde o público pôde ter um outro tipo de contato com esse tema. Na exposição a idealizadora esteve presente, o que também estimulou as discussões e reflexões sobre a violência doméstica.

Os painéis digitais e também impressos trazem casos de repercussão nacional, envolvendo mulheres vítimas de violência, como da artista Gretchen e da apresentadora de televisão, Palmirinha. Porém, o destaque foi a abordagem dada aos personagens locais.

Na exposição, Mariana apresentou o caso da jovem adamantinense Vanessa Nery Maciel, morta em maio de 2019 pelo ex-companheiro, em Adamantina, por não aceitar por não aceitar o fim do relacionamento. Julgado em outubro do ano passado, ele foi condenado a 27 anos de reclusão.



A mostra aborda também a morte de outra adamantinense, Nayra Bonatto, ocorrida em Lucélia, no último dia 8, em pleno mês dedicado ao tema. Ela foi agredida e morta pelo namorado, preso em flagrante no dia do crime. Nayra foi encontrada sem vida, em um buraco em meio à uma propriedade rural nas proximidades da vicinal Lucélia/Pracinha.



A PRÓPRIA HISTÓRIA - Nesta terça-feira (31), no último dia do mês dedicado ao tema, a idealizadora da exposição surpreendeu contar que foi vítima de violência. O relato está em suas redes sociais onde encerra o ciclo de 31 publicações sobre o tema, e também é um dos painéis que compõem o varal.

Veja o texto que faz parte da publicação:

“Saiu de casa aos 16 anos para morar com o namorado que era 7 anos mais velho. Casou-se, e já nos primeiros meses de relacionamento surgiram os sinais de ciúme excessivo e possessão. Com 6 meses que estavam morando juntos, ele a agrediu pela primeira vez e assim que pôde, Mariana contou o ocorrido para a mãe do seu então marido que omitiu socorro e a disse que seu filho era assim mesmo, agressivo e que ela que se entendesse com ele. As agressões começaram a acontecer com mais frequência, Mariana já não podia mais ter contato com as amigas ou família. Teve seu celular quebrado, sandália e vestido de formatura cortados em pedaços. O pesadelo durou 2 anos e meio, até que ela conseguiu se libertar desse relacionamento doentio e abusivo”.



CHOQUE E CONSCIENTIZAÇÃO - Ao Aqui Lucélia, Mariana contou sobre a repercussão da iniciativa. Nas redes sociais muitas manifestações estão expressas nos comentários, o que também gerou reações na mostra física. “As pessoas passavam, pararam e conversaram comigo. São as mulheres se sentindo representadas”, destaca. Ela também ouviu demandas da população, relacionadas às questões da cidade e à atuação como vereadora.

Mariana espera que a iniciativa, e as demais ações realizadas pelo poder público, sociedade civil e campanhas, permitam sensibilizar o público. “Espero conscientizar e chocar as pessoas”, diz. “E mostrar para as mulheres que elas não estão sozinhas, que tem alguém que está apoiando, e que denunciem sem medo”, continuou.

Na sala de aula, onde é professora para estudantes do ensino médio, ela também trabalha esse tema com os alunos. “O objetivo é orientar e educar as meninas para que, já nos primeiros sinais de agressão, possam identificar, consigam sair e avisar alguém”, explica. “E aos meninos também, mostrando que existe lei e punições para isso”, completa.

Por fim, ela se põe motivada a manter ativa a discussão e a colaborar com o tema. “O que eu puder fazer para ajudar, apoiar e espelhar outras mulheres, vou estar empenhada”.

PANDEMIA E VIOLÊNCIA À MULHER - Uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de agressão durante a pandemia, seja ela verbal, sexual ou física. Ao todo, são 17 milhões de mulheres agredidas entre junho de 2020 e maio de 2021, ou 24,4% do total.

Os dados são de pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A diretora executiva da organização, Samira Bueno, destacou, entre outros pontos, que as consequências econômicas da pandemia podem ter agravado a violência contra as mulheres, uma vez que o desemprego e a falta de recursos financeiros podem ter levado muitas a optar por continuarem vivendo com seus agressores.

COMO DENUNCIAR - A denúncia de violência contra a mulher pode ser feita em delegacias e órgãos especializados, onde a vítima procura amparo e proteção. O Ligue 180, central de atendimento à mulher, funciona 24 horas por dia, é gratuito e confidencial. O canal recebe as denúncias e esclarece dúvidas sobre os diferentes tipos de violência aos quais as mulheres estão sujeitas. As manifestações também são recebidas por e-mail, no endereço ligue180@spm.gov.br.

Dados do Ligue 180 mostram que, além da física, a violência psicológica é uma das mais frequentes. Mesmo quando não há a agressão propriamente dita, as ameaças já caracterizam crime. Também nesses casos, as mulheres podem procurar o atendimento telefônico para realizar as denúncias ou buscar informações acerca dos seus direitos e da legislação aplicável.

As denúncias também podem ser feitas aos órgãos locais da Polícia Civil e da Polícia Militar.


Fonte: Aqui Lucélia

Voltar para Home de Notícias


Copyright 2000 / 2021 - All rights reserved.
Contact: Amaury Teixeira Powered by www.nossalucelia.com.br
Lucélia - A Capital da Amizade
O primeiro município da Nova Alta Paulista