Nova Alta Paulista: Você conhece a origem desse nome?
Nossa Lucélia - 31.05.2021


Microrregião administrativa da Nova Alta Paulista será formada por 30 municípios, das regiões de governo de Adamantina, Dracena e Tupã

REGIÃO - Por meio de audiência pública realizada em Tupi Paulista, na sexta-feira (21), durante a 15ª reunião da AMNAP (Associação dos Municípios da Nova Alta Paulista) deste ano, o vice-governador do Estado de São Paulo, Rodrigo Garcia, anunciou a criação da microrregião administrativa da Nova Alta Paulista. A proposta atende a lei federal nº 13.089, de 12/01/2015, assinada pela então presidenta Dilma Roussef, que “estabelece diretrizes gerais para o planejamento, a gestão e a execução das funções públicas de interesse comum em regiões metropolitanas e em aglomerações urbanas instituídas pelos Estados, normas gerais sobre o plano de desenvolvimento urbano integrado e outros instrumentos de governança interfederativa (…)”. Por sua vez, a referida lei regulamenta o § 3º do artigo 25 da Constituição Federal de 1988, quando diz: “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum”.

De acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional, serão criadas 36 microrregiões, tomando como referência as microrregiões de governo criadas na gestão do governador André Franco Montoro (1983-1987). No caso da Nova Alta Paulista, será mantido o atual desenho da AMNAP, que se estende por 30 municípios constituintes das microrregiões de Adamantina, Dracena e Tupã. A AMNAP caracteriza-se como a principal representação política entre a população, o poder público municipal e as instâncias político-administrativas estadual e federal. A diretoria é composta por prefeitos, com mandato de dois anos, com direito a recondução por mais dois anos. Foi criada em julho de 1977, por iniciativa dos prefeitos Paulo Tahara (Dracena), Jorge Abdo Sader (Lucélia), Valdemar de Oliveira Lima (Osvaldo Cruz) e Gildomar Pax Pedroso (Adamantina). Paulo Tahara foi quem tomou iniciou as articulações com os demais colegas. Inicialmente, 16 municípios compuseram a associação, passando a 23 alguns anos depois, até que, em 1997, com a adesão da microrregião de Tupã, o número chegou aos 30 atuais.

ORIGEM DO NOME

O nome Nova Alta Paulista surgiu casualmente no escritório regional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), em Adamantina, quando presidido pelo estatístico e advogado Cândido Jorge de Lima, durante o período preparatório do censo demográfico de 1970, para designar a área sob sua jurisdição, estendendo-se entre Rinópolis e Flora Rica. Em entrevista concedida a esta autora, em 2004, dr. Jorge disse que usou “a expressão 'nova´ para designar os municípios que se formaram após a criação de Tupã, sendo que todos faziam parte da Alta Paulista, cujo nome foi cunhado pela CPEF (Companhia Paulista de Estradas de Ferro)”. Tupã formou-se na década de 1920, enquanto os demais formaram-se a partir da década de 1930, constituindo-se na última porção do Estado de São Paulo a ser colonizada. A terminologia 'alta' deriva do português de Portugal e significa distante do ponto em que se está; no nosso caso, distante da capital. Assim, as ferrovias denominaram as sub-regiões interioranas, como Alta Paulista, Alta Sorocabana, Alta Noroeste e outras.

A geada ocorrida em julho de 1975, trouxe sérios impactos econômicos e sociais ao centro-sul brasileiro e um deles foi a percepção do isolamento em que se encontrava o extremo oeste da Alta Paulista. A regularidade no funcionamento do transporte ferroviário nos conectava com Marília, porém, os impactos da geada mostraram que a influência daquela cidade não se estendia até as barrancas do rio Paraná. Tampouco estávamos conectados a Presidente Prudente e a Araçatuba. A geometria da malha ferroviária era perpendicular ao litoral, ligando as áreas produtoras de café ao porto de Santos, privilegiando as exportações em detrimento das conexões intrarregionais. As políticas públicas estaduais tinham como prioridade a expansão da atividade industrial, que resultaram na criação da Região Metropolitana de São Paulo, em 1973. Iniciava-se o processo de descentralização industrial e as atenções e os recursos começavam a se deslocar para algumas cidades mais dinâmicas do litoral e do interior paulista, como Santos, Campinas, Sorocaba, Ribeirão Preto, São Carlos e outras.

Ao mesmo tempo que a industrialização transbordava e elevava o Estado de São Paulo à condição de primeira economia nacional, internamente, configuravam-se as desigualdades regionais. A geada de 1975 tanto mostrou quanto reforçou essas desigualdades.

As dificuldades iminentes e a percepção do isolamento em que se encontravam a população e os gestores municipais, levaram à busca de solução “de baixo para cima”. Como diziam os prefeitos, seria “mais fácil dizer não a um prefeito do que a um bando deles”.

Toda criatura precisa de um nome e as lideranças políticas, comunitárias e midiáticas perceberam que o movimento iniciado se referia a um recorte geográfico específico. Assim, Gildomar Pax Pedroso, o mais próximo do diretor do escritório do IBGE de Adamantina, e conhecedor da expressão Nova Alta Paulista cunhada pelo dr. Cândido, começou a usá-la nas incontáveis reuniões convocadas pelos quatro líderes. Em pouco tempo, o nome constava nos ofícios e requerimentos dos prefeitos e dos vereadores de todos os municípios, encaminhados aos deputados, ao governador e até ao presidente da República.

De maneira espontânea e recorrente, o nome foi sendo incorporado pelas autoridades municipais, pela mídia, pelos estudantes e pela população. Nova Alta Paulista passou a fazer parte da terminologia local, expressando a sensação de pertencimento dessas pessoas. Não estamos representados em nenhum mapa oficial, o que não nos imprime a condição de região administrativa.

FATO HISTÓRICO

O termo região possui várias acepções e uma delas refere-se à condição de espaço vivido: a história de vida de muitas dessas pessoas confunde-se com a história do lugar. Um pouco mais abrangente, quando se considera o conjunto dos municípios da Nova Alta Paulista, há uma certa unidade na história, na paisagem, na cultura e em outros elementos que lhes imprime uma certa semelhança interna, ao mesmo tempo que os diferencia de outras regiões do entorno.

A condição de reconhecimento oficial como microrregião administrativa, pela primeira vez, nos colocará em destaque no mapa do Estado de São Paulo e esse fato inaugura um novo capítulo na história regional. Temos uma condição única no território paulista: a delimitação entre os rios Aguapeí e Peixe (com distância média de 60 quilômetros, no sentido norte/sul) e entre os municípios de Queiroz e Panorama/Pauliceia (cerca de 180 quilômetros, no sentido leste/oeste), nos desenha um retângulo de cerca de 10.800 km2 , onde vivem cerca de 390 mil pessoas. Esse interflúvio (faixa estreita entre dois rios) pode ser considerada como uma mesopotâmia paulista localizada na latitude 21º Sul. Isso porque, por um capricho da natureza, os dois rios e todo o terreno banhado por eles e por seus afluentes estão dispostos nesse paralelo terrestre. Essa particularidade já rendeu um domínio na ABM Marcas e Patentes como Latitude 21, reservado por um grupo que vem trabalhando com economia criativa na Nova Alta Paulista. Os envolvidos propõem a criação do Território Criativo Latitude 21 Nova Alta Paulista.

Há outras particularidades a serem identificadas e codificadas, transformando-as em potencialidades sociais, econômicas e ambientais. Uma delas decorre de sua condição geográfica natural e da forma como foi explorada. O clima tropical garantiu a ocorrência da floresta tropical atlântica do interior e a formação de muitos cursos d´água. Atualmente, a cobertura vegetal nativa é inferior a 5% da área original e muitos cursos d´água reduziram seu volume por causa de erosões, assoreamentos e déficit hídrico. Por outro lado, há dois parques estaduais constituídos: o do rio Aguapeí e o do rio do Peixe. Estamos próximos do rio Paraná, o segundo maior rio do Brasil e o 4º maior rio do mundo. As possibilidades falam por si.




Fonte: Impacto Notícias _ Por PROF.ª DR.ª IZABEL CASTANHA GIL, ETEC Prof. Eudécio L. Vicente e UniFAI, Agente de Inovação pela INOVA CPS

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