Sem Terra deixam beira de estrada e ocupam nova área em Salmourão
Nossa Lucélia - 13.03.2010


Movimento pode ocupar novas áreas

SALMOURÃO - O grupo do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – que está em Salmourão desde fevereiro, teve que levantar o acampamento que havia sido organizado pelo grupo na estrada que passa em frente da Fazenda Bandeirantes, naquela cidade.

Por determinação da justiça, o grupo teve que sair do local e se organizar a pelo menos 10 km de distância do local onde estavam; a distância, porém, colocaria o grupo em frente de mais uma fazenda, a Bem-Te-Vi. Por isso, os integrantes do grupo resolveram firmar um acordo com um proprietário de terras que tem uma área muito próxima da cidade.

O proprietário cedeu o local para o movimento, que por sua vez, se comprometeu a não danificar a área que é rodeada por eucaliptos.

A reportagem do Jornal Cidade Aberta esteve no local na última terça-feira, 9, onde conversou com um dos coordenadores daquele acampamento, Márcio Takashi, 27, que também é estudante de direito.

O jovem deixou claro que em nenhum momento o grupo fez algum tipo de invasão. “Nós ocupamos uma área e não invadimos. Ocupar e invadir são duas palavras bem diferentes. Invadir uma área vai contra a filosofia do nosso grupo”, disse.

Ações

O coordenador do acampamento em Salmourão explicou que o grupo instalado na cidade tem ações diferentes de outros grupos que também integram o MST.

O jovem líder afirma que há um espanto por parte da população com a presença dos sem terras na cidade, em função de episódios de pessoas que usaram de atitudes “não condizentes” à luta do movimento.

Baseado nisso, Takashi afirma que os proprietários da Fazenda Bandeirantes não podem reclamar de invasões do grupo no local simplesmente porque o movimento ficou do lado de fora da fazenda, em frente a vicinal. “Quando chegamos na região de Salmourão não invadimos terra de ninguém, não quebramos cerca de ninguém e não matamos bois. Simplesmente ocupamos uma área que já foi notificada pelo INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – e agora estamos esperando a definição total da justiça. O dia em que ela for dada como improdutiva, nós vamos entrar na área como o fazendeiro entrou esses anos todos, pela porteira”, explica Takashi.

O jovem demonstra ainda uma certa indignação quanto ao cumprimento de leis no Brasil. De acordo com coordenador, na constituição federal está escrito que as terras que são consideradas improdutivas e devolutas devem ser destinadas à reforma agrária.

No entanto, Takashi reclama do bloqueio que é feito todas as vezes em que a camada mais pobre da população resolve se unir. “Os trabalhadores hoje não podem se unir para fazer uma luta concreta. Então, ainda vivemos em um regime militar”, acrescenta.

Regimento

Dentro do acampamento que está instalado em Salmourão há regimentos internos que devem ser cumpridos pelos assentados, sob pena de punição.
Os trabalhadores devem respeitar normas como a preservação do local e respeitar horário de silêncio. No acampamento é proibido o uso e comercialização de drogas e entorpecentes, posse de armas (exceto aqueles que têm o registro), prática de furtos e roubos, estupros, prostituição, caça de amimais silvestres e não são aceitos foragidos da justiça.

Apoio

O MST sempre deixou claro o apoio ao Partido dos Trabalhadores – PT – mas, o apoio encontrado em Salmourão pelo prefeito José Luiz (PSDB), surpreendeu o grupo. “Não que ele (José Luiz) seja favorável ao movimento, mas ele é um prefeito humano que se preocupa com o pobre; até porque durante a campanha eleitoral ele bateu de porta em porta pedindo votos às pessoas pobres”, disse Takashi.

O coordenador do assentamento em Salmourão disse ainda que o prefeito da cidade disponibilizou um caminhão de lixo para que fosse feita a coleta de todo entulho produzido pelos trabalhadores.

A Polícia Militar também foi alvo de elogios do grupo. De acordo com Takashi, a PM orientou o grupo quanto às ações que porventura pudessem acontecer.

A boa acolhida por parte das autoridades locais fizeram com que o grupo colocasse em prática sua filosofia: o trabalho e uma luta concreta pela reforma agrária; luta essa que acompanha os trabalhadores rurais desde o início do MST.

Manifesto

Amparado pela constituição federal que diz que qualquer pessoa pode fazer um manifesto em praça pública de forma organizada e sem violência, o grupo que está em Salmourão deve organizar um manifesto na praça central da cidade.

O intuito da ação será mostrar o verdadeiro objetivo do grupo, que é o de luta pela reforma a agrária no país. “O ignorante é aquele que critica sem conhecer”, expõe Takashi. O manifesto ainda não tem data definida.


Fonte: Do OCnet / Jornal Cidade Aberta

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