Prefeito de Adamantina expõe real situação da FAI
Nossa Lucélia - 03.03.2010


KIKO: "Precisamos tomar decisões administrativas e realistas em relação à FAI, não decisões políticas"

ADAMANTINA - Exclusivo! A Folha Regional publicou o assunto mais comentado, debatido, questionado, criticado e até polemizado em Adamantina: a atual situação financeira e administrativa das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI). O tema tem motivado acalorados embates nos mais diversos setores da vida pública, bem como nos bastidores políticos da Cidade Jóia.

Para responder todas essas perguntas, a reportagem da Folha entrevistou o prefeito José Francisco Fiqueiredo Micheloni “Kiko”, que esclareceu sobre as finanças da autarquia municipal, enxugamento que está sendo feito, números de alunos, fechamento de cursos, redução de salários de professores, bolsas, Intervenção Branca, e ainda, revelou a nova postura político-administrativa da direção e o que espera do futuro. Acompanhe!

SITUAÇÃO FINANCEIRA

KIKO – É preocupante e real. Não tem nada de invenção no que diz respeito às dificuldades que a autarquia está passando e apresentando. Porém, ao acompanhar mais de perto, hoje digo que estou bem mais tranquilo do que estava meses atrás.

Claro que não é se espelhando no exemplo ruim de outras instituições que devemos nos confortar. Mas, apenas para dar uma idéia da atual realidade, as faculdades de Tupã e Dracena também enfrentam sérias dificuldades, bem como Marília e Botucatu nem sequer abriram novas turmas de um dos principais cursos (Enfermagem). Além disso, se pegarmos as instituições públicas do país, segundo divulgado na própria mídia, não atingiram 60% do preenchimento das vagas. Então, é uma crise generalizada no setor do ensino superior.

ENXUGAMENTO

KIKO – Neste momento, temos que tomar decisões administrativas e realistas, não decisões políticas. Por isso, com muito trabalho, empenho e, provavelmente, com algumas falhas também porque somos seres humanos, começamos fazer uma completa reestruturação na faculdade que, ao meu ver, já deveria ter sido efetuada a mais tempo. Dessa forma, estamos enxugando despesas em todos os setores, cortando o que for possível, para que possamos voltar a sonhar com o crescimento da instituição.

Mesmo frente às dificuldades, garanto que a FAI não deve nada atrasado a nenhum funcionário, professor ou prestador de serviço. Todas as contas estão sendo pagas.

DE R$ 6 MILHÕES PARA R$ 1,6 MILHÃO

KIKO – Tenho conhecimento de que este dinheiro existia no caixa da seguinte forma: uma parte compromissada com o salário e o 13º, outra com os gastos do prédio em construção na época, outra com o pagamento dos equipamentos de enfermagem já adquiridos por um alto custo. E, no final das contas, o montante de R$ 6 milhões anunciado, na verdade, representava algo entorno de R$ 2 milhões.

Para que se entenda melhor, por exemplo, se eu chegar para você e disser que no dia 10 de dezembro a Prefeitura de Adamantina tem R$ 5 milhões em caixa, não estarei mentindo. Mas garanto que no dia 1º de janeiro terá R$ 100 mil, porque todas as despesas correntes no mês estarão quitadas.

Não tenho nenhuma dúvida da lisura e do empenho da atual diretoria, mesmo levando em consideração as falhas administrativas possivelmente cometidas. E aos “preocupados de plantão” afirmo que até 31 de dezembro de 2012, se Deus permitir, quem estará prefeito sou eu, e, por isso, não cometerei e nem deixarei que cometam nenhum ato de improbidade para me tirar do cargo.

NUMERO DE ALUNOS

KIKO – A faculdade tem hoje 4.315 alunos. É menos ou mais do nos anos anteriores? Só pode ser igual ou maior. Evidentemente que poderá haver um decréscimo de 200 estudantes que desistirão do curso no começo ou ao longo de 2010, no entanto, entre novas matrículas e inscritos já no segundo ano, somamos um número muito significativo se comparado com as instituições de ensino superior da região. Ou seja, onde está todo o alvoroço gritado nas esquinas da vida?

FECHAMENTO DE CURSOS

KIKO – Tenho dados comprovados por documentos internos da FAI que revelam cursos que têm somente um, dois ou cinco alunos. Portanto, não podemos mais abrir turmas que hoje se encontram deficitários, ou seja, que causarão prejuízo à saúde financeira da instituição, senão em curto prazo, fatalmente na próxima Administração.

Sabemos que existem formadores de opinião praticantes do “quanto pior, melhor” afirmando pelas esquinas que a FAI fechou cursos de Matemática, História, Geografia, Letras e Gerontologia. Mas é muito importante que a população saiba da verdade; a FAI não fechou curso algum. Então, o que fez? Apenas não abriu mais turmas referentes a estas disciplinas em 2010. Por quê? Engasgados ou não, existem classes com um aluno que teremos de garantir a ele o ensino até o último termo (4º ou 5º ano), porque não pretendemos de forma alguma prejudicar os estudantes que acreditaram na nossa faculdade. Por exemplo, este ano, para Gerontologia, que muitos exaltam, foram efetivadas apenas cinco inscrições, e assim seguiu com outras disciplinas.

Vale esclarecer que o declínio de alunos vinha já desde antes de assumirmos, no entanto, se mantinha os cursos somente para demonstrar status.

Temos sofrido ataques desesperados da oposição, mas temos plena consciência que dentro deste novo regime a FAI conseguirá ressurgir ao posto de referência regional do ensino superior.

REDUÇÃO DE SALÁRIOS PROFESSORES KIKO – Nunca houve isso. Até porque seria uma medida inconstitucional.

A última conversa entre eu e alguém da FAI foi por telefone com a professora Regina Ruete solicitando para que ela não cedesse à pressão de vários professores que moram fora e estavam pedindo para abrir novas classes em vez de deixar as turmas com 50, 70 alunos, exatamente porque temos que enxugar despesas.

Fico impressionado com boatos absurdos que pessoas ociosas e inúteis à cidade insistem em propagar. Acho que deveriam procurar algo de bom para fazer.

BOLSAS

KIKO – Todo mundo quer meia bolsa, bolsa integral; formam filas na Prefeitura de pessoas pedindo para o filho estudar de graça. Se fosse para administrar da forma mais fácil (irregular), sairia como um dos melhores prefeitos da história de Adamantina. Porém, sou obrigado a dizer não.

Outro problema sério é o fato de uma única pessoa (funcionário ou filho de professor da própria instituição) ter o direito a fazer dois, três cursos de graça. Isso está errado. E essa é uma das principais alterações que pretendemos rever; pretendemos estipular que, acima de um teto salarial, será baseado o índice de desconto da mensalidade, por exemplo, a referência mais baixa pagará 10% da mensalidade, a outra um pouco maior 20% e assim por diante até chegar ao máximo de 50% de desconto.

Agora, tem gente dizendo por aí que vamos cortar todas as bolsas. Isso é mentira. Jamais! Nossa Administração preza e luta pela qualificação profissional.

PARALISAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES

KIKO – Posso responder isto com propriedade. Houve seguidos obstáculos para a contratação de mão-de-obra em virtude dos problemas gerados pela Fundact e Aepa – o que inclusive dará pano pra manga durante muito tempo devido a irregularidades apuradas. Enfim, mesmo para terminar o último bloco ainda ocorreu um atraso enorme, causado justamente por anormalidades nas licitações.

Mas acho que a faculdade já cumpriu com a missão das construções, de erguer a estrutura física. Agora é a época da reconstrução acadêmica e organizacional.

INTERVENÇÃO BRANCA

KIKO – Qualquer pessoa de bem sabe que não exerço qualquer ingerência na FAI. Raramente vou lá. Quando tenho algo que conversar, faço por telefone. Agora, claro que quando a crise começou a aumentar nomeei um funcionário para apenas auxiliar na elaboração da recomposição da viabilidade de manutenção dos cursos. Aí já virou Intervenção Branca. Que isso! Quem diz essas barbaridades são as mesmas pessoas que perderam a farra das viagens para São Paulo e gastavam R$ 6 mil a cada ida à Capital ou R$ 1.800 em uma única noite. E tudo nas custas da FAI. Então isso podia?

NOVA POSTURA

KIKO – Há um consenso firmado entre nós (Administração Municipal) e a direção da FAI que ainda temos de melhorar muito na questão público-administrativa, bem como precisaremos investir bem mais na divulgação dos pontos positivos acerca da nossa cidade e instituição (segurança, tranquilidade, qualidade de vida, proximidade dos familiares, qualificação dos professores, e também, estrutura física da faculdade) para conseguirmos num futuro próximo atrair mais alunos.

Por outro lado, quando você fala muito “não” e dirige uma autarquia com seriedade, sem pensar em política, acaba atingindo aquelas pessoas que foram acostumadas a estudar de graça, a ter todas as regalias da corte do rei, o que inclusive acaba ferindo os interesses de quem pretende estar lá, ou esteve e agora procura denegrir. Pessoas estas que dizem que amam a FAI, mas escondem os processos milionários movidos contra a instituição ou as 90 aulas/mês que recebiam sem nem entrar na sala.

FUTURO

KIKO – Não podemos deixar a FAI a mercê de políticos no futuro. Para isso, primordialmente, temos que reorganizá-la de tal forma que no mínimo todos os funcionários sejam concursados e ocupem cargos de carreira, não cargos políticos. Essa é a busca da qual não descansaremos.




Fonte: Da Folha Regional / Ricardo Bispo

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