Lucélia perdeu documentos sobre a colonização alemã na região
Nossa Lucélia - 30.08.2015


Documentos estão na biblioteca de Adamantina à espera de serem decifrados por pesquisadores


LUCÉLIA - A cidade de Lucélia perdeu um livro e documentos que continham informações sobre a história do município e toda região. A informação foi nos transmitida a partir de uma entrevista com o Sr. Fritz Schiller, filho do engenheiro Dr. Walter Hanns Fritz, responsável por parte da demarcação de terras que resultou na colonização de praticamente toda região, de Lucélia até a barranca do rio Paraná.

O Sr. Fritz Schiller, hoje com 81 anos de idade, reside em uma residência no bairro conjunto Habitacional Nova Lucélia, e mora com sua espoa a Sra. Nair Gonçalves Schiller. Seu pai, o engenheiro Walter Shiller, chegou no Brasil a convide do Max Wirth. Recém formado em Engenharia, na sua cidade natal, Zurich, na Suíça, o Dr. Schiller deixou para traz uma rica e culta cidade. Famosa pelos seus bancos, seus relógios caros e pelos seus chocolates famosos, a cidade de Zurich era o contraste do oeste paulista, nas décadas de 1.920 e 1.930, habitada por índios e animais ferozes.

O Sr. Walter Schiller mudou para a região onde centenas de imigrantes alemães viviam. Ali o Dr.Walter Schiller fez a sua casa, educou seus filhos e montou um escritório particular onde começou a desenvolver projetos de engenharia em toda região.

Parte de todo o seu trabalho ficou em sua residência, no atual bairro do Cana Verde, entre Lucélia e Adamantina. A família resolveu vender o sítio e dentro do escritório do Dr. Schiller haviam vários mapas, documentos, fotos, cartas, projetos de engenharia, mapas cartográficos e correspondências entre a Colônia Nova Pátria com a Suíça e a Alemanha.

O Sr. Fritz afirma que parte de tal documentação foi furtada por vândalos, pois a casa na zona rural sofria atos de furtos. O que sobrou, um livro raro Zona Noroeste 1928 e caixas com fotos, documentos, mapas que foram doados na administração anterior à biblioteca Paulo Sambaqui de Lucélia, e por razões desconhecidas ou mesmo por inércia, ou desconhecimento do valor histórico e cultural de tais documentos, acabaram sendo rejeitados e não ficaram na cidade de Lucélia. Para não perder tal relíquia, os documentos foram doados à biblioteca de Adamantina, que de imediato aceitou e agora estão sob sua guarda. Os documentos estão à espera de serem decifrados, e devorados por pesquisadores sedentos por conhecimento.

O Sr. Fritz comentou que seu pai por ser um engenheiro foi o construtor da primeira ponte sobre o rio Aguapeí-Mirim, que liga os atuais municípios de Adamantina a Valparaíso. As compras eram realizadas nas cidades de Araçatuba ou Valparaíso, pois não havia estrada para a região da Zona da Mata, onde dois anos depois seria fundada a cidade de Lucélia.

COLÔNIA NOVA PÁTRIA - Existiam dezenas de casas de moradores composta em sua ampla maioria por imigrantes alemães ou italianos. Havia um campo de futebol dos alemães, uma igreja onde um padre alemão vinha celebrar missa, um cemitério (ainda hoje existente na Colônia Paulista), uma escola alemã, onde as professoras vinham de outras cidades, via Araçatuba para ensinar os filhos dos colonos.

O entrevistado disse que chegou na colônia Nova Pátria e bairro Cana Verde no ano de 1937, com apenas quatro anos de vida. Seu pai construiu um alambique de aguardente e ele lembra que algumas moradias tinham o formato tradicional das casas germânicas, típicas de cidades com forte influência germânicas como Blumenau e Pomerode em Santa Catarina.

Quando estourou a Segunda Guerra Mundial e o Brasil entrou no conflito ao lado dos aliados, houve proibição de conversas em alemão, revistas em alemão foram proibidas por decreto do Presidente Getúlio Vargas. Até mesmo o nome do bairro foi mudado de Colônia Nova Pátria, para a atual Colônia Paulista.

O entrevistado disse que se lembra que seus vizinhos eram fanáticos pelo nazismo. Eles se cumprimentavam nas ruas do bairro fazendo a tradicional saudação nazista de erguer a mão direita e dizer a frase Heil Führer! (Salve líder). Havia uma intensa correspondência de cartas entre os moradores locais com seus parentes na Alemanha.

Ele se lembra que muitos moradores falavam abertamente sobre a guerra e apoiavam as ideias de Adolf Hitler, mas não tem conhecimento se algum morador da colônia retornou para a Alemanha lutar na guerra. Em sua residência, ele nos mostrou documentos do seu pai, e uma caixa com vários livros, (romances), editados na Suíça, todos em alemão.


Fonte: Marcos Vazniac

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