Deficientes visuais se conhecem pela internet, ficam noivos e encurtam distância de 1,2 mil km
Nossa Lucélia - 04.08.2015


Casal de deficientes visuais mostra que não há distância nem obstáculos para o amor

LUCÉLIA - O bacharel em ciência da computação Paulo Donizeti Gardinalli Filho, 34, de Lucélia (SP) e a massoterapeuta Ana Claudia dos Santos Souto, 27, de Sombrio (SC), ambos deficientes visuais, se tornaram exemplo de superação. Paulinho, como é chamado, mora em Lucélia, onde é funcionário público concursado na Prefeitura Municipal. Ela, da cidade que fica no litoral de Santa Catarina, próxima à divisa com o estado do Rio Grade do Sul. A distância física que separa os dois é de 1.161 km.

Paulinho disse ao SIGA MAIS que se conheceram no dia 17 julho de 2014, através de um grupo no Facebook. Se sentiu atraído pelo nome, adicionou e puxou assunto. “Começamos a conversar e senti vontade de ouvir a voz dela. Passei meu número e ela ligou. Quando ouvi sua voz, tão maravilhosa, me apaixonei”, disse. “Sempre costumo dizer para meus amigos que foi amor à primeira voz”, brinca.

O primeiro encontro presencial ocorreu dois meses depois, em setembro de 2014. Paulinho recorda ter ficado bastante ansioso, desde as primeiras horas da manhã, pois ela havia se deslocado mais de mil quilômetros, de ônibus, para encontrá-lo, desembarcando na rodoviária de Presidente Prudente. “Quando a Ana chegou até mim, imediatamente peguei na mão dela e, nessa hora senti aquele calor gostoso do amor e da paixão. Nessa hora, senti vontade de beijá-la ali mesmo. Fiquei realmente emocionado com esse primeiro contato físico”, lembra.

Ana também relata a emoção do primeiro encontro. “A cada degrau que desci do ônibus, meu coração acelerava mais. Desde o primeiro momento, que nos falamos por telefone, eu sabia que ele era o homem da minha vida. Nosso primeiro contato físico foi o toque das mãos. Foi maravilhoso sentir que nosso amor era real”, disse a massoterapeuta.

Ambos se falam diariamente pelos meios virtuais, desde que se conheceram. E na primeira oportunidade, um visita o outro. O noivado aconteceu no dia 18 de julho passado, em Sombrio, exatamente um ano após se conhecerem, numa cerimônia para amigos e familiares, com música e farta comida. “Tive a grata oportunidade de cantar junto com minha noiva e, sinceramente, me emocionei com esse momento. Fiz uma declaração de amor para ela e, quase chorei”, disse Paulinho. “Vieram muitas pessoas e, que fizeram total diferença”, completa Ana.

Para amigos e familiares, a decisão e o esforço dos dois são inspiradores. “Meus amigos e familiares se admiram com esse amor tão lindo e que, apesar da distância, se mantém firme e bem fortalecido, coisa que muitas vezes não acontece com casais que moram perto”, orgulha-se Paulinho. “Os amigos e familiares falam que nosso amor é muito lindo, que emocionamos muitas pessoas. Ficam admirados por nosso relacionamento ter chegado até aqui, sobretudo pela questão da distância e não somente pela deficiência visual, relata Ana.

BARREIRAS E SUPERAÇÃO - Paulinho é deficiente visual desde nascença devido a uma atrofia no nervo ótico. Estudou, venceu cada desafio, e chegou a cursar integralmente o curso de ciência da computação na FAI (Faculdades Adamantinenses Integradas). Ana, agora com 27 anos, perdeu a visão aos 24, decorrente de uma inflamação aguda no nervo ótico, devido ao glaucoma primário de ângulo aberto.

Para Paulino, diante de qualquer deficiência sempre existirão barreiras, que precisam ser superadas. “Tive várias barreiras ao longo de minha vida, e até hoje tenho. Falta de acessibilidade nas calçadas, adoção de piso tátil que indique quando há obstáculos, falta de acessibilidade nos recursos de informática, sobretudo na área governamental, onde atuo diretamente junto ao Portal de Convênios”, disse. E destaca como positiva a relação com colegas de trabalho, na Prefeitura de Lucélia. “No trabalho exerço minhas funções sem dificuldades, pois meus colegas, os quais considero amigos, me ajudam no que é necessário”, completa.

Agora noivo, Paulinho tem nova motivação para superar qualquer barreira. “Muitas coisas me motivam a superar isso, porém, a principal é ter encontrado a mulher de meus sonhos que sempre me apoia em tudo que faço e, além disso me ensina sobre coisas da época que ela enxergava. Juntos trocamos muitas experiências e, aprendemos cada vez mais”.

Ana também fala das barreiras, sobretudo os que se originaram a partir da perda da sua visão. Era radialista e agora, na massoterapia, espera encontrar seu novo caminho profissional, podendo contribuir para ajudar as pessoas. “Minha motivação para superar é que através das mãos posso amenizar as dores de outras pessoas”, disse. “Sinto falta de olhar nos olhos e saber o que a pessoa realmente está sentindo ou querendo dizer. Mas, agora, tenho o meu amor para me apoiar e me mostrar um mundo novo”, finaliza.


Fonte: Acácio Rocha _ Para o Sigamais.com

Voltar para Home de Notícias


Copyright 2000 / 2015 - All rights reserved.
Contact: Amaury Teixeira Powered by www.nossalucelia.com.br
Lucélia - A Capital da Amizade
O primeiro município da Nova Alta Paulista