Sindicato da Construção Civil apura possível trabalho escravo em Junqueirópolis
Nossa Lucélia - 12.09.2014


Denúnia é contra a Construtora Santa Rosa na construção de 203 casas populares do governo paulista na cidade

JUNQUEIRÓPOLIS - Denúncia levou o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Construção Mobiliário (Sticm) a apurar denúncia de possível trabalho escravo envolvendo ao menos 18 trabalhadores oriundos da capital e municípios interioranos do estado do Maranhão (MA), contratados pela Construtora Santa Rosa para trabalhar na construção de 203 casas populares, em Junqueirópolis.

De acordo com o presidente do Sindicato, Mário Lúcio Queiroz, a denúncia de possível trabalho escravo foi encaminhada para conhecimento da Subdelegacia do Trabalho de Presidente Prudente, na terça-feira, 9. “Vamos aguardar a vinda do Ministério do Trabalho para fazermos levantamento e saber quem são os responsáveis pela obra”, disse o sindicalista.

Irritado com a situação, o trabalhador maranhense Edson da Conceição Pires Costa, 25, de Santa Helena (MA), mostrou cicatrizes pelo rosto, provocadas segundo ele, após uma queda do andaime dentro do canteiro de obras. “Não me deram nada de EPI [Equipamento de Proteção Individual], nem tão pouco ajuda com remédios durante 15 dias que fiquei em repouso no alojamento depois do acidente. Ninguém veio aqui me trazer nada”, reclamou.  

Outro colega de quarto de São Luiz (MA), Gilberto Soares Silva, 27, afirmou que a construtora mandou custearem toda alimentação e material usado pelos trabalhadores na obra, como ferramentas e botinas. “Não viemos para cá para pagar comida e nem material, isso aí tem que ser por conta da firma. Se soubéssemos que fosse assim, não teríamos saído de lá [do Maranhão]. Eles falaram lá uma conversa e chegando aqui foi totalmente ao contrário. Só queremos agora que eles acertem conosco para podermos ir embora”, desabafou.

Se a construtora registrou todos esses trabalhadores, a resposta dada por Silva é que há três meses fizeram ele e seus amigos entregarem suas carteiras de trabalho e até hoje não foram devolvidas.

Entre outras denúncias feitas pelos operários contra a Construtora Santa Rosa pode ser citada ainda coação, ameaça de expulsão do alojamento e trabalho de domingo a domingo sem folga.

Na casa de madeira com cinco cômodos na rua Campos Sales, 542, alugada pela construtora para alojar todos os 18 trabalhadores as condições longe dos padrões de alojamentos, colchões sem roupa de cama espalhados pelo chão, beliches construídas de improviso com pedaços de madeiras trazidas da obra, instalação elétrica precária, banheiro sem nenhuma higiene e forte odor de sujeira, numa realidade vivida pelos nordestinos.

O gerente administrativo da Construtora Santa Rosa, Thiago Yudi, responsável pela obra, alegou desconhecer ocorrência de acidente de trabalho no canteiro de obras e coação por parte da construtora contra os trabalhadores.

MUNICÍPIO – Para o secretário da Administração da Prefeitura de Junqueirópolis, Gustavo Junqueira, todo trabalho de fiscalização da obra tem sido feito pela administração municipal no que diz respeito ao uso de equipamentos de segurança e regularidade nos encargos trabalhistas. Embora tenha alegado desconhecer a situação desses trabalhadores, o secretário afirmou que a Construtora Santa Rosa enviou no começo da semana, documentos para análise sobre andamento dos últimos dois meses da construção das casas populares. A entrega da documentação coincidiu com a movimentação do Sindicato.

Em contato via telefone, a CDHU escritório regional de Presidente Prudente atribuiu à Prefeitura a tarefa de fiscalização da obra.

OUTRO LADO – Sobre as denúncias atribuídas à empresa, o gerente administrativo da Construtora Santa Rosa, Thiago Yudi, falou que as carteiras de trabalho estão prontas para ser entregue. Alegou desconhecer ocorrência de acidente de trabalho no canteiro de obras e coação por parte da construtora contra os trabalhadores.

Desmentiu também as conversas de expulsão do alojamento, imposição para que paguem equipamentos usados no trabalho e expediente ininterrupto de domingo a domingo sem folga. “Nosso expediente termina às 11h de sábado e retoma às 7h de segunda-feira”, justificou.

Sobre os três meses de trabalho na obra, a construtora afirmou ter testemunha que desmente todo esse tempo na obra. A empresa diz que estes trabalhadores estão na empresa desde 4 de agosto passado.

Segundo o gerente, todos esses trabalhadores vieram do Maranhão pedir serviço na obra. Afirmou que a contratação desses trabalhadores ocorreu pela falta de mão-de-obra no estado de São Paulo para determinado tipo de serviço.


Fonte: Alex Barreto _ Do Portal Regional

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