Balisa foi célula máter de Adamantina, Osvaldo Cruz e Lucélia
Nossa Lucélia - 28.06.2014



Por Marcos Vazniac - Documentos históricos divulgados pelo pesquisador José Carlos Daltozo, morador na cidade de Martinópolis, que pretende colher dados para a edição de um livro sobre Balisa, comprovam que as cidades de Adamantina, Osvaldo Cruz e Lucélia, foram distritos da comunidade eslava de Balisa. Mas para ser distrito era necessário que houvesse cartório de registro em Balisa, fato esse que não existia.

O primeiro documento enviado à redação do jornal pelo jornalista e escritor Daltozo, é um Decreto N.º 14.000 de 16 de novembro de 1943, que autoriza a Companhia Elétrica Caiuá, com sede na cidade de São Paulo, a estabelecer linhas de transmissão e redes de distribuição ao povoado Lucélia e ao patrimônio Osvaldo Cruz, sendo a energia fornecida pela usina Quatiara, situada no rio do Peixe.

Decreta:
Art. 1º. É outorgada à Companhia Elétrica Caiuá, com sede na cidade de São Paulo, autorização para estabelecer linhas de transmissão e redes de distribuição ao povoado Lucélia e ao patrimônio Osvaldo Cruz, ambos no distrito de Balisa, município de Martinópolis, Estado de São Paulo, sendo a energia fornecida pela usina Quatiara, situada no rio do Peixe, no mesmo município, dentro da zona de fornecimento determinada no parágrafo único do art. 1º do decreto n. 4.170, de 31 de maio de 1939. (sic).

Art. 2º. Sob pena de caducidade do presente título, a autorizada obriga-se a:

I – Registrá-lo na Divisão de Águas, do Departamento Nacional da Producão Mineral, dentro do prazo de trinta (30) dias, após a sua publicação.(sic).

II – Apresentar à mesma Divisão de Águas, dentro do prazo de um (1) ano, a contar da data do registro de que trata o n. I dêste artigo, os projetos e orçamentos das obras a realizar. (sic).

Parágrafo único. O prazo, a que se refere êste artigo, poderá ser prorrogado por ato do ministro da Agricultura, ouvida  a Divisão de Águas do Departamento Nacional da Produção Mineral. (sic).

Art. 3º. O presente decreto entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 16 de novembro de 1943, 122º da Independência e 55º da República.
Getúlio Vargas.

O segundo documento é uma venda de um terreno na Vila Joaquina, na atual cidade de Adamantina. O fato se deu no distante ano de 1937 na compra de um terreno de 240.000 metros quadrados. O terreno acha-se dentro do Núcleo “Adamantina”; parte integral da fazenda Monte Alegre, no distrito de Balisa, no município de Martinópolis e comarca de Presidente Prudente, conforme descreve o documento anexo.

A comunidade eslava de Balisa teve sua colonização nas décadas de 1920 e 1930. Foi composta por imigrantes de origem eslava, em sua maioria russos, ucranianos, e búlgaros, que imigraram para o Brasil nos anos de 1924 e 1926. Além dos eslavos que tinham todos a nacionalidade romena, pelo fato da Bessarábia, parte do antigo império russo, foi anexado pela Romênia e todos os seus moradores tiveram seu ter o passaporte romeno.

Além dos eslavos e romenos a comunidade Balisa tinha os poloneses, thecos, sérvios, letos, lituanos, gagaúzos, cossacos, húngaros e alguns alemães e judeus. Além das nacionalidades descritas, o local era habitado também, por muitos migrantes nordestinos que vieram para o local em busca de melhores condições de vida.

A colônia Balisa tinha cemitério, Igreja Ortodoxa, Igreja Batista, campo de futebol, armazém de secos e molhados e um famoso clube denominado Balisa Atlético Clube, cujo documento anexo comprova grande movimentação de sócios.

O padre da Igreja Ortodoxa vinha à cavalo uma vez por ano celebrar os sacramentos. A viagem eram uma aventura desde Alto Cafezal (Marília), até Martinópolis, que era chamado na época de José Theodoro.

Segundo o escritor de crônicas e antigo morador de Balisa, Sr. Jorge Cavlak, o Balisa Atlético Clube foi o único desde Marília até a barranca do rio Paraná que enviou representante com placa para prestigiar a inauguração do estádio do Pacaembu, em São Paulo no dia  27 de abril de 1940, com a presença do então presidente da República, Getúlio Dorneles Vargas.

Com a fundação da cidade de Lucélia e de outras cidades no espigão, os moradores de Balisa também foram deixando para trás suas terras. Os filhos que aqui nasceram desejam mudanças e aos poucos as tradições típicas, como culinária russa, búlgara, danças típicas, a religião Ortodoxa, o artesanato típico do leste europeu foram sendo substituídos pela cultura nacional. Abandonaram a Kuaska (sic), cerveja feita de cana-de-açúcar, o tradicional charutinho pirosque, típicos das culinárias russas e judaicas, hoje só encontrados nos restaurantes especializados. O delicioso varênique, o rocambole de abóbora e a milenar arte dos eslavos de pintar ovos de galinha na Páscoa.

Balisa desapareceu tão como surgiu do nada, no meio da selva virgem. Ali os bravos eslavos lutaram contra onças, animais peçonhentos, índios, enfrentaram doenças como a terrível maleita, a doença brava, derrubaram uma imensa floresta para fazer nascer uma nova civilização. Enfrentaram a falta de escola, hospitais, estradas esburacadas, tudo era novo, no meio do nada. Bem, tudo isso é parte do passado e da História que deve ser rescrita pelo bem de todos.

Quem desejar entrar em contato com o autor para enviar fotos ou tiver algum documento novo deve fazer pelo e-mail jcdaltozo@uol.com.br ou telefone (18) 3275.1168.


Fonte: Marcos Vazniac

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