Produtor enfrenta dificuldades no setor e após 10 anos cultivando acerola decide erradicar toda a produção
Nossa Lucélia - 18.04.2013


Antônio Dário Filho começou a erradicar os pomares de acerola cultivada em sua chácara Pôr do Sol, no bairro Java Paulista, na semana que passou; por outro lado, cooperativa agrícola informa que a crise vai passar

DRACENA - O produtor rural de Dracena, Antônio Dário Filho começou a erradicar os pomares de acerola cultivada em sua chácara Pôr do Sol, no bairro Java Paulista, em Dracena. Segundo ele, a decisão extrema foi tomada por conta da dificuldade de colocar o produto no mercado pelo preço inviável praticado nesta safra.

"De imediato vou erradicar 300 pés. Tinha parado com a horticultura para me dedicar à acerola. Mas vou implantar outras culturas como tomate, pimentão, berinjela e pepino", contou o produtor que cultiva 1,6 mil pés de acerola, metade foi aumentada nos últimos anos pela confiança no setor.

Há dez anos cultivando acerola, Antônio relatou que está vendendo a acerola por R$ 0,45, o quilo, e o custo da colheita sai por R$ 0,30, o quilo. Ele pontuou que a margem de lucro de R$ 0,15 não cobre os custos e ainda gera desânimo. "Com esse valor não tenho condições de adubar, capinar, fazer tratamento. A gente não se motivou para buscar mais trabalhadores para colher e só foi colhendo na medida do possível", desabafou.

COOPERATIVA – Para o presidente da Cooperativa Agrícola de Junqueirópolis (COOPAJ), Osvaldo Dias, a crise vai passar. "O mercado está começando a ter uma reação favorável. Já enfrentamos muitas crises e essa, talvez, seja a mais longa", avaliou.

A cultura da acerola foi implantada em Junqueirópolis em 1991, o município tornou-se referência na produção, chegando a ser considerado capital estadual da acerola. 

Dias relaciona a crise com o aumento da oferta do produto no País e a falta de mercado interno e da redução da exportação, pelo agravamento da crise europeia. "O mercado não absorveu toda a acerola produzida, mas é importante lembrar que toda a cultura agrícola tem seus altos e baixos. Se o produtor tem logística para colher tem que deixar a planta porque a crise vai passar. Mas, por exemplo, no caso do produtor que já tinha dificuldade de logística, como a dificuldade da mão-de-obra pegou um pouco mais. Pode acontecer tanta coisa no período da entressafra. Só erradicaria se realmente não tivesse condições de tocar", revelou.

Ele comentou que alguns preços praticados acabam sendo um desestímulo para os agricultores uma vez que o custo implícito de produção gira em torno de R$ 0,50 por quilo, considerando a implantação, colheita, tratos culturais. Apesar das dificuldades, a Cooperativa conseguiu manter o preço da safra passada, pagando R$ 0,80, por quilo da fruta ao produtor. "Fomos administrando a situação encontrada. Nós, da Associação deixamos de colher 25% da produção 2012/2013, e não tivemos custo de armazenamento, o que encarece muito a produção, então, o que foi colhido já foi repassado e, por isso conseguimos manter o preço", explicou.

Dias apontou que enquanto a crise está relacionada à acerola madura, a alternativa pode ser a acerola verde. "Recebemos a proposta de uma grande empresa instalada no Ceará que processa a acerola verde, transformando-a em vitamina e concentrados. É um novo mercado, a próxima safra vai ser melhor", falou. Se o mercado da acerola verde vingar, os benefícios poderão se estender a região. "Se a demanda foi maior do que a produção dos associados, vamos procurar outros produtores".

Ainda de acordo com Dias, o preço praticado na venda da acerola verde é melhor do que o da acerola madura uma vez que a colheita é mais difícil e a produção por planta é menor. Além disso, o período de descanso da planta será maior.


Fonte: Letícia Pinheiro _ Do Portal Regional / Foto: M. Quinoshita/JR

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