APRENDENDO A VIVER
22 de abril de 2005

Nelson Martinez - No meu tempo de infância, lá pelo ano de 1957, quando não existia asfalto na cidade, de Lucélia e apenas parte da Avenida Internacional era calçada de paralelepípedo, morar na Rua Argentina esquina com a Rua Pará, bem de frente a casa da Japonesa que fazia aqueles doces pé de muleque e chupetinha, era muito bom.Significava estar por dentro de todos os acontecimentos que ocorria na cidade. Tudo era motivo de festa, e quantas eram as novidades que curtíamos juntos, Eu, o José Carlos Ciriaco Tenório, e seus irmãos, o Lunga e seu irmão Claudino, filhos do Luiz alfaiate, o Nobo, Ricardo e o Luizinho Tolvo, Sergio Fava, O Valdemir (neguinho) Fava, o Djalma Dias e o meu irmão Osvaldo.
Toda essa “tropa” estudava no 2° Grupo Escolar, e quase todos tiveram como primeiro Mestre Importantes personalidades na nossa formação de cidadãos, o Professor Américo, professor Virgilio e a professora Virginia Barioni.
Como eram gostosas as coxinhas de mandioca vendidas pelo seu Pascoal, sempre dava um jeito de fazer um fiadinho; e como era divertido rodar a ”roleta de prêmios” do bijuzeiro que sempre nos dava um grande susto quando nossa atenção se prendia no número que a roleta ia parar. Derrepente gritava como alguém lhe estivesse xingando FILHA DA PUTA NAOOOO!!!!!!!!!!
Depois ria que se esborrachava da nossa cara assustada, acabava sempre dando mais um biju como “prêmio consolação” diante da frustração do cliente. No recreio, brincar de salva, jogar figurinha, ou assistir as meninas e cantar as cantigas de rodas era demais, principalmente quando podia-se ficar observando a beleza das nossas amiguinhas, Tânia Maldonado, a Suzana, a Edna, e tantas outras.
Sair da escola correndo era o Máximo, chegar em casa almoçar rápido, e já estar em forma para a pelada que durava a tarde inteira era a rotina diária que só era quebrada quando tinha jogo contra, especialmente contra a “tropa” da Rua Amazonas, ou da Tropa da quadra dos bancários, ou quando não dar uma fugida, com o estilingue pendurado no pescoço, caçando rolinha, juriti, ir até o buracão, saindo pela estrada boiadeira, passar no córrego Caíres, lá na estrada do rio Feio, tomar banho pelado, para não chegar em casa molhado e ganhar uns cascudos da dona Zefa.
Torcer para o Lucélia F.C e ter como ídolos, Maquininha, Zé pintor, Ari Preto, Zezé Gambassi. Um timaço de craques, que batia um bolão, era um privilégio.
Por isso nada como ser amigo do seu Martins, que trabalhava de faxineiro na oficina da Chevrolet, e aos domingos pegava seu carrinho de algodão doce e ia vender na porta do Grandioso Estádio Municipal José de Freitas Cayres. Uma carona com o seu Martins valia a pena, dava pra assistir o nosso grandioso Lucélia jogar. Deu até pra ter o privilégio de assistir o Corinthians Paulista, de Gilmar, Olavo, Oreco e ser fotografado pelo Foto Bandeirantes, batendo uma bolinha com o Gilmar.
Inesquecível, quanta saudade desse tempo e de todos os amigos que um dia tive que deixar e nunca mais voltei a revê-los, cada um seguiu seu destino.
Com certeza todos tem saudade desse tempo, e todos, como eu devem ser gratos, a ter tido esse privilégio de nascer em Lucélia e viver esse tempo. Nossos agradecimentos sinceros aos inesquecíveis primeiros mestres, professor Américo, dona Virginia Barioni, professor Virgilio.

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