Suicídios no mundo preocupam autoridades
19 de setembro de 2013



Por Marcos Vazniac - "O sonho da razão produz monstros"- Francisco de Goya, pintor espanhol

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no ano de 2012, cerca de 1 milhão de pessoas tiraram a própria vida no mundo, e, mais 3 milhões tentaram acabar com a vida por algum motivo. Se somarmos todas as guerras civis em curso no mundo, como Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria e guerras tribais no continente Africano, tais dados serão superiores. Diante de dados fatídicos, as autoridades estão se perguntando o que deve estar acontecendo no mundo? Ou melhor dizendo; o que está acontecendo com as pessoas?

Segundo a OMS, países como Japão e Coreia do Sul perderam a liderança no número de suicídios no mundo, para países da ex-URSS, como Rússia, Lituânia, Letônia, Estônia e Ucrânia e, para países da antiga cortina de ferro, como, Hungria, República Theca e Eslováquia. Para tais nações, o sonho profetizado pelo nipo-americano Francis Fukoyama, ficou apenas na teoria. Ao abandonar a economia planificada (socialismo) e adotar a economia de mercado (capitalismo), embarcaram na nova utopia. Parte dos moradores não sabiam que o capitalismo é essencialmente darwinista.

Para a economia de mercado o slogan do naturalista inglês Charles Darwin Não são as espécies mais fortes que sobrevivem nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças, é seguido à risca no mundo empresarial, pelos bancos, nas bolsas de valores e na sociedade como um todo.

No Brasil, durante os últimos 45 dias tivemos quatro tragédias em família, e envolvendo homicídios, seguido de suicídio. O caso do garotinho que matou toda família foi para a escola, e ao retornar, se matou com um tiro na nuca. O caso do pai de família, na cidade de Poá, que tirou a vida da família e se matando em seguida. O caso da mãe que matou as duas filhas e, em seguida, tentou suicídio, e na última semana, o caso de Ferraz de Vasconcelos, onde quatro filhas e uma mulher morreram, a perícia irá dizer se o último caso foi homicídio seguido de suicídio, acidente com gás ou provocado por alguma pessoa de fora do apartamento.

Segundo um psiquiatra forense disse em entrevista a um canal de TV aberta, os casos de suicídios não estão só ligados a depressão, problemas financeiros e frustrações afetivas. Os casos segundo o especialista no assunto vem da incapacidade do ser humano lidar com o mundo que o cerca. Vivemos na ditadura do pensamento único, onde o ser humano acaba sendo escravizado pelo consumo desenfreado.

A vida humana para alguns se resume em adquirir bens de consumo, a insensibilidade deu lugar a compaixão, e o individualismo (câncer social), força as pessoas a viverem ou comprarem uma falsa aparência. Procuramos o mundo supérfluo, aquele vendido pelo mercado que compra idéias e a alma das pessoas, e quando as dificuldades financeiras e sociais vêm, tas pessoas acabam sendo julgadas pela sociedade como inaptas e, algumas delas preferem partir desta ilusão. No mundo da falsa paz e das efêmeras aparências, a vida se transformou em meros números, como os que digitamos nas contas bancárias, no cartão de crédito e no crediário. A vida que deveria ser ampla e plena, se transforma muitas vezes em algo hibrido, sem gosto.

Tais fatos não são únicos na História do Brasil e do mundo. Nas conturbadas décadas de 1.920 e 1.930, o mundo passou por uma grande crise financeira. Isso já aconteceu com a Queda da Bolsa de Nova York, em 1939, onde milhares de pessoas, tiraram suas vidas, devido a crise que sacudiu o mundo financeiro, como um verdadeiro tsunami. O ser humano acaba sendo iludido por uma falsa felicidade, e quando tal felicidade tarda a chegar, ou não consegue atingir seus objetivos, a crise de existência chega.

Na distante década de 1920, a Europa toda ela em crise financeira ocasionada por uma 1.ª Guerra Mundial, vivendo sobre a ameaça de uma revolução comunista, vinda da Rússia, e assolada pela crise na bolsa da Big Apple, a Europa viu nascer, dois dos sistemas mais cruéis e sangrentos do mundo, que foram o fascismo e o nazismo. Diante de uma série crise econômica, os homens, buscam refúgio em algo muito radical, na esperança de amenizar a dor e suas perdas.

A caixa de Pandora pode ser novamente aberta. Por isso, o mito da caixa de Pandora quer significar que ao homem imprudente e temeroso são atribuídos os males humanos como consequência da sua falta de conhecimento e previsão. Também é curioso observar como o homem depende de sua própria inteligência para não ficar nas mãos do destino, das intempéries e dos próprios humanos. No fundo da caixa de Pandora, fica apenas uma palavra que não devemos perder nunca: a esperança.

Esperança na supremacia do coletivismo sobre o individualismo, da vida sobre a morte, da solidariedade sobre a arrogância, do ser humano sobre os números e as máquinas.

Voltar para a coluna Marcos Vazniac


© Copyright 2013 - All rights reserved.
Contact: Amaury TeixeiraPowered by www.nossalucelia.com.br
Lucélia - A Capital da Amizade
O primeiro município da Nova Alta Paulista