SHINDO RENMEI ATUOU EM LUCÉLIA

Era o ano de 1.945, o mundo acabava de sair de uma de suas maiores tragédias. A Segunda Guerra Mundial, um conflito bélico que envolveu nações e deixou um trágico saldo de mortos.
Os países do eixo (Alemanha, Japão e Itália), se uniram e ao final do confronto saíram derrotados.
A Alemanha e Itália, tombaram primeiro, e o Japão, continuou lutando sendo vencido definitivamente, quando os EUA bombardearam com bombas atômicas, as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

No Brasil, as colônias de imigrantes japoneses, não acreditavam que o país do sol nascente, havia perdido a guerra para os americanos. Para os japoneses, a derrota era pura propaganda americana, portanto, as colônias japonesas que viviam no interior do Estado de São Paulo, não acreditavam em boatos patrocinados pelos EUA.

O fanatismo em torno deste ideal chegou ao ponto de criarem uma "milícia", chamada SHINDO RENMEI, ou Liga do Caminho dos Súditos "Kachigumi" que consistia em negar as idéias de que o Japão de fato, havia perdido a guerra para os americanos, chegando ao extremo de matar diversos japoneses, que eram considerados "makegumi", ou "Corações Sujos".

Passados vários anos, a Shindo Renmei, começou a ser alvo de diversos artigos em jornais, como também de diversas pesquisas.
O tema caiu nas mãos do jornalista Fernando Morais (autor de A Ilha, Olga e Chato), e após minuciosas pesquisas virou livro, com o título CORAÇÕES SUJOS, publicado recentemente pela Cia de Letras.

O livro, conta que a Shindo Renmei, atuou em Bilac, Brauna, Cafelândia, Coroados, LUCÉLIA, Inúbia Pta., Osvaldo Cruz, Presidente Prudente, Iacri, Bastos, Tupã, Pompéia e Marília.

A Shindo Renmei, teve maior atuação nas cidades de Tupã e Bastos, onde a colônia japonesa era maior.
Em Lucélia, alguns inquéritos policiais estão registrados na DP e pessoas que viveram na época de 1.945 e 1.946, confirmaram a tese da passagem dos membros da Shindo Renmei em nossa Lucélia. (Fonte: Imprensa local)

A dura época da 2ª Guerra Mundial
Texto escrito por Shiguei Hasegawa, com colaboração de Marina Hasegawa".
Extraído de http://japao100.abril.com.br/perfil/148/historia/227/


Com o término da 2ª Guerra Mundial, em 1945, Gen e a família mudaram-se para Lucélia (SP). Ele resolveu abrir um bar, com uma mesa de snooker. Lá a Sra. Takeko servia algumas refeições.
Nessa época, a cidade de Lucélia foi ocupada pelo exército, e os soldados guardavam o quarteirão dia e noite, passando fome muitas vezes, embora a Sra. Takeko os alimentasse.
Além dessa ocupação, descencadeou-se uma “mortificina” de japoneses, pois o grupo chamado de “Shindo-Remei”, formado por japoneses que não aceitavam a derrota do Japão na 2ª Guerra Mundial, decretou a sentença de morte dos “Haisen", grupo a que Gen pertencia, cujos membros eram tidos como traidores da pátria, pois afirmavam que o Japão havia perdido a Guerra.
Como artista plástico autodidata, o Sr. Gen havia feito um desenho fotográfico do Presidente Getúlio Vargas. O Exército e a Polícia Federal levaram o quadro, que foi visto em 1951, pela Sra. Takeko, na Delegacia de Polícia de Presidente Prudente, mas ela não pode revê-lo, pois os artistas da época não assinavam as obras. Na delegacia, afixaram uma placa com os dizeres: "Nesta casa só se fala português”.
Em virtude dessa perseguição, os filhos foram impedidos de manter a tradição, inclusive estudar e falar japonês, sofrendo inclusive discriminação na escola por parte dos brasileiros.
O Sr. Gen tinha um amigo que era dentista, que também havia recebido a sentença de morte. Um dia, no consultório dele, apareceram dois pacientes, um com o rosto enrolado, simulando dor de dente e o outro com o braço na tipóia. Quando o paciente sentou-se na cadeira, o dentista desconfiou e, disfarçando abrir uma gaveta, pegou um revólver e matou os dois dentro do consultório. Ao examinar os cadáveres, verificou que o homem que estava com a tipóia tinha escondido um revólver.
Como havia recebido a sentença de morte do “Shindo-Remei”, o Sr. Gen fugiu deixando a família em Lucélia. Ele costumava se corresponder com a esposa em código para não revelar o local de seu esconderijo.
Com a prisão dos chefes do “Shindo-Remei”, que foram deportados, a família pôde se reunir novamente em Santo Expedito (SP), ficando em Lucélia os irmãos Antonio e Shiguel na casa de amigos, pois estudavam na época e tinham que terminar o ano letivo.
Santo Expedito era um patrimônio de Alfredo Marcondes, que, por sua vez, era município de Àlvares Machado. (Pag. atualizada em março/2008)


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LUCÉLIA
O primeiro município da Nova Alta Paulista