21 de junho de 2004 - Jose Rocha

Rubens Barrichello é impressionante

Rubens Barrichello é impressionante. Isso ninguém pode negar, nem que queira: Rubens Barrichello, tão criticado, considerado o taxista mais bem pago do mundo, é impressionante. Nas duas últimas corridas do Mundial de Fórmula 1 deste ano, o piloto da Ferrari mostrou, em duas oportunidades, que é ruim demais - ou que há algo de podre no seu contrato, tipo: é proibido vencer o alemão Michael Schumacher.

Na primeira demonstração da apatia de Rubinho (esse diminutivo já é um freio de mão puxado para quem pisa a mais de 300 quilômetros por hora), há duas semanas, ele tinha mais carro que Shumacher, vinha atrás (pra variar), mas - era visível - seu carro rendia muito mais que o do alemão, badalado, mas... Quando embutiu seu carro na traseira de Shumacher, Barrichello deu mostras de que ia ultrapassar: dançou atrás do companheiro, manobrou bonito e pronto. Acabou. Não só ficou atrás como tirou o pé e deixou o alemão abrir uma vantagem que, carro por carro, naquela situação, só acontece por contrato mesmo.

No domingo passado, pior, Rubens Barrichello (algum parentesco com o luceliense João Barrochello?), numa das muitas bandeiras amarelas do Grande Prêmio de Indianápolis, numa relargada, quase ele era o líder, ele mesmo, Rubinho, o brasileiro tomou uma ultrapassada do alemão que foi coisa de cinema. Shumacher vinha embalado (por que Rubinho, o líder, não?) e, embalado, foi embora, de novo. Numa entrevista para a TV Globo, Barrichello disse que não tinha visto que as luzes do carro-madrinha tinham se apagado e que Shumacher estava mais atento.

Uai! Que diacho é isso? O sujeito, que tem a obrigação de estar atento - afinal, aquilo mata - admite que não estava, que não viu as luzes do carro-madrinha se apagarem (o que é sinal de que vai ser dada a relargada). Me diz, você que me lê agora, quanto a toda poderosa Ferrari paga para essas "mentirinhas" de Barrichello? Pouco não é, a gente sabe, porque Rubinho, mesmo fazendo só 10 pole-positions em 10 anos (eu escrevi mesmo 10 anos, se não for mais, e deve ser) de carreira na F1, é muito bem pago pelo time de Maranello. Não é impressionante? A gente faz de conta que acredita. Eu, faz tempo, só faço de conta, porque esse moço, Rubinho, é daqueles que é ruim de negócio, ruim de contrato e muito, extremamente obediente, primeiro defeito de um piloto na Fórmula 1.

Ayrton Senna, que não teve um confronto direto com Shumacher (quando Senna morreu, o adversário era um bom coadjuvante), sabia fazer negócio, sabia assinar contratos. Nelson Piquet, todo mundo já sabe, tentou barrar a entrada de Ayrton no circo da Fórmula 1. É dele o termo taxista que usei no começo do texto. Foi assim que Piquet se referiu a Ayrton Senna quando ele começou a fazer testes na categoria mais importante do automobilismo mundial. Mas o tempo provou que o antipático Piquet estava era com uma bruta inveja. Senna era talentoso de sobra. E não só colocou Piquet no chinelo, como fez o mesmo com qualquer adversário que tenha tentado ficar à sua frente. Que o diga o talentoso Allain Prost.

O que eu quero dizer, e que minha antipatia a Piquet atrapalhou, é que Senna não assinaria um contrato como o que Rubinho assinou, embora ele, Rubinho, dissimule bem, e bota bem nisso. Fico olhando o Felipe Massa embolado lá atrás, onde o risco de acidente é grande (e suas duas últimas corridas provaram isso), e penso, incluindo aqui o mineirinho Cristiano da Matta, campeão mundial de Fórmula Indy, ambos com carros infinitamente inferiores ao de Rubinho: como seriam esses dois com uma Ferrari, uma Willimans, uma BAR (que ano da BAR, Takuma Sato, o novo Nacional Kid!)? É... sonhar faz bem. E Rubinho (inho, como Nelsinho Piquet) é impressionante. Está mais rico, mais bobo, sem graça e sem açúcar. Meu Deus!

Voltar para crônicas de José Rocha


© All rights reserved.
Contact: Portal Nossa Lucélia Powered by www.nossalucelia.com.br