Baltasar, Gaspar e Belchior
06 de janeiro de 2005 - Jose Rocha

Hoje é dia 6 de janeiro, dia da Folia de Reis. Pelo interior, nos rincões, principalmente, a manifestação folclórica vai sair. A caravana, com suas roupas coloridas, vai acompanhar, de casa em casa, os tocadores de viola caipira, tambor, violão, pandeiro, pistão, acordeom, tantã e cavaquinho. É dia da Folia de Reis (ou Folia do Espírito Santo).

Leio que a tradição teve início no Oriente, de início como celebração pagã de adoração ao Sol. No século 4ª, a Igreja Católica começou a comemorar a Folia de Reis como a Epifania do Senhor. Segundo a Bíblia, os Reis Magos foram guiados por uma estrela até Belém e ofereceram três presentes ao Menino Jesus: ouro, incenso e mirra.

Para a Igreja, é um símbolo de que Jesus é o salvador de toda a humanidade. Na Folia de Reis, os três Reis Magos, Baltasar, Gaspar e Belchior, vêm com os rostos cobertos, visitando as casas dos fiéis. A manifestação chegou ao Brasil trazida, como quase tudo, pelos portugueses.

Lembro-me que, quando criança, em Fortaleza, gostava de acompanhar a Folia. Meus pais não se preocupavam. Sabiam que o menino magricela e curioso voltaria cheio de histórias, que ouvia e gostava de contar. Foi assim durante toda a minha infância, que passei em Fortaleza, Banabuiu e Jaguaribe, estas duas cidades no sertão cearense, das quais guardo boas (e simpáticas) recordações.

Quando fui para a metrópole, viver em São Paulo, perdi um pouco o eixo de tudo isso. Tradições folclóricas ou religiosas (ou como queiram chamar) sempre me atraíram. Vem daí o grande respeito que tenho pelos estudiosos do assunto, pelos que preservam sua cultura e a fazem ecoar, de geração em geração. Fui redescobrir muitas dessas manifestações, inclusive a Folia de Reis, quando me mudei para Lucélia.

Hoje, meu tio João Batista Lemos e minha tia Ana Rita, que moram quase na saída para Adamantina, recebem a caravana. Parece que estou vendo a cara de satisfação de meu querido tio João Batista. Se estivesse em Lucélia, eu receberia a caravana, de portas abertas, com seu toque de viola, caipira - caipira como me tornei, em Lucélia, de “pés vermelhos”, graças a Deus.

José Rocha, 44, é autor dos livros "Espelho quebrado", "Batatas fritas ao sol", "O verbo por quem sofre de verborragia", "Coração de Leão" e "A lua do meio-dia" (no prelo).

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