O circo chegou, e não tem previsão de ir embora!
Nossa Lucélia - 18.04.2020


Benê conta que em mais de 50 anos de apresentações do circo nunca houve um fim de semana sem espetáculo – já foram quatro de braços cruzados

ADAMANTINA
- O circo, quando chega à cidade, traz em sua bagagem muita alegria. Malabarista, palhaço e equilibrista são alguns dos personagens responsáveis por encantar não só os pequenos, mas também despertar emoções nos mais velhos. Porém, toda essa magia durou apenas quatro dias em Adamantina.

O Circo Mundo Mágico começou as apresentações em 13 de março na cidade. Dia 16, em comum acordo com a Prefeitura, paralisou as atividades devido às restrições de saúde referentes ao novo coronavírus. Desde então, vive as incertezas do momento, aguardando um futuro que aparentemente não está próximo de chegar.

Quinta geração de artistas circenses, o palhaço Benevenuto Pires Miranda, mais conhecido como Benê, de 37 anos, explica que inicialmente o alvará de funcionamento era de 10 dias. Após este período de espetáculos, os artistas se deslocariam para outra cidade, mas, devido à quarentena para o isolamento social tiveram que ficar em Adamantina, sem previsão de irem embora.

“Nenhum município nos receberá neste momento, e também não temos condições de irmos embora. Precisamos realizar novas apresentações na cidade, mas sabemos que só será possível no fim de maio. É o que esperamos”.

Também promotor cultural do circo com sede em Maringá (PR), Benê conta que em mais de 50 anos de apresentações nunca houve um fim de semana sem espetáculo – já foram quatro de braços cruzados.

Isolados, pois também possuem receio de serem contaminados pela Covid-19, os 37 artistas, sendo oito crianças e dois idosos, vivem uma nova rotina. Com parte do picadeiro desmontado no terreno próximo a rodoviária, eles dividem o tempo entre os ensaios e atividades de recreação, uma forma de driblar o período de incertezas em que passam.

Os palhaços, malabaristas, contorcionista e intérpretes de personagens infantis enfrentam dificuldades, já que vivem exclusivamente da arte e estão sem espetáculos. “Como a gente vive única e exclusivamente da bilheteria do circo, é muito difícil. A gente não tem outra fonte de renda. Os recursos que temos já estão acabando”, disse. “A energia estamos pagando normalmente, pois vieram cortar. Em relação à água, fica nosso agradecimento a equipe da Sabesp, que não nos isentará do pagamento, mas flexibilizou para a volta dos espetáculos”.

Outra parte dos problemas foi minimizada com a solidariedade da população, que, desde o início da paralisação, realiza doações de gêneros alimentícios. Benê ressalta ainda o apoio da Prefeitura de Adamantina, que auxilia o circo com a entrega periódica de cestas básicas.

“Somos muito gratos a população de Adamantina, ao comércio e poder público. Estamos recebendo muitas doações, então seria injusto neste momento realizar novo pedido, pois temos que apenas agradecer o olhar de solidariedade e compaixão com a nossa turma”.

O artista circense conta que nem todos os circos, que são mais de 1 mil paralisados em todo o país, tiveram a mesma sorte, pois alguns estão à espera da volta das apresentações em cidades pobres em que a população não tem condições de ajudar.

“Tem circos, principalmente no nordeste, que estão em vilarejos que não tem nem condições de sobreviver. Ainda mais ajudar os artistas. A situação é preocupante, já que não há um olhar para as mais de 10 mil pessoas que vivem do circo em todo o país. Somos esquecidos pelo poder público, pela mídia, pela maioria da população. Por isso enfatizo minha gratidão por Adamantina, por toda a ajuda”.

Benê explica também que a trupe aguardará os acontecimentos antes de tomar uma decisão logo após a quarentena do coronavírus. Ele não descarta fazer alguns espetáculos em Adamantina, pois 'Mundo Mágico' necessitará de recursos até para ir embora.

“Hoje, nosso olhar é para a volta, pois estaremos sem recurso nenhum para as apresentações. E não há qualquer incentivo e apoio aos circos. Projeto que retornaremos no fim de maio, mas quem irá ao circo neste momento?”, questiona Benê. “As pessoas estão com medo, nós também estamos. Por isso clamamos apoio das autoridades para que possamos ter um suporte para dar volta nesta situação e continuar com nossos espetáculos. Vivemos disso”, conclui.


Fonte: Sigamais

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